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Como prevenir câncer de intestino em pessoas com idade avançada ou com doença inflamatória


Câncer de intestino em pacientes em idade avançada merece atenção

Os programas governamentais de prevenção de câncer têm um papel fundamental na diminuição dos casos, além de favorecer o diagnóstico precoce das doenças malignas do cólon.

Mas a abordagem preventiva do câncer de intestino não pode ser aplicada da mesma maneira para todos. Uma parcela significativa da população apresenta características únicas, que não permitem que ele se enquadre nos critérios de um programa populacional.

Em outras palavras, em alguns casos, uma avaliação e uma abordagem individualizadas são muito necessárias.

Prevenindo o câncer de intestino

Hoje, o indivíduo vive mais e melhor, não é mesmo? Por outro lado, isso representa mais tempo exposto aos fatores de risco que podem evoluir para o câncer de intestino.

Entretanto, vamos considerar que uma pessoa não começou a prevenção na época indicada, seja por desconhecimento, por impossibilidade social ou outra doença concomitante. O problema dela, ou melhor, as chances de ela desenvolver um câncer, precisam ser levadas em conta.

Com isso, ao longo deste texto, apresento orientações para dois segmentos específicos da população que não se encaixam nos critérios dos manuais de prevenção:

  • Idosos, fora da faixa de idade, abordada pelos programas governamentais;

  • Portadores de doenças inflamatórias intestinais.

Utilizei como referências manuais internacionais de prevenção publicados em 2017 e 2019. Vamos lá!

Pessoas entre 80 e 85 anos de idade

A população está envelhecendo, certo? E cada vez mais pacientes chegam a idades avançadas com qualidade de vida e saúde em plenas condições. Então, como orientá-los sobre a prevenção do câncer de intestino?

A maioria dos manuais com políticas de rastreamento, abrange os indivíduos com idade entre 50 e 75 anos, sendo estendidos até os 80 anos. Porém, não é difícil vermos pessoas vivendo bem até os 90, 100 anos. E é importante que cheguem a essa idade com saúde.

De toda forma, não existe resposta fácil para apresentar a eles. A comunidade médica sabe que, após os 75 anos, é importante individualizar as decisões. Ou seja, é preciso considerar:

  • A situação clínica da pessoa;

  • Se há expectativa de vida maior que 10 anos;

  • Se já houve exames preventivos prévios.

Em caso de vida com qualidade, ausência ou controle adequado de doenças crônicas e quando o exame preventivo nunca tenha sido feito, o rastreamento deverá ser considerado, mesmo se a idade for até os 85 anos.

Características para exames preventivos

A prevenção deve ter suas características bem esclarecidas. Isto é, precisamos orientar o paciente sobre os potenciais riscos dos exames preventivos, além de informá-los que nem sempre é possível haver ganho de tempo de vida.

Com isso, uma opção razoável é darmos preferência para os exames menos invasivos, como a pesquisa de sangue oculto nas fezes, que não tem efeitos colaterais e é fácil de ser realizado.

Em caso de resultado positivo, podemos passar para a etapa dos exames estruturais, ou seja, aqueles que avaliam a anatomia do intestino, como a colonoscopia virtual ou convencional.

Esclarecimento para prevenir o câncer de intestino

A decisão de não fazer qualquer tipo de avaliação, baseado apenas na idade, não é uma opção. Em outras palavras, existem, sim, exames a serem feitos.

Uma pessoa esclarecida sempre tomará as melhores opções e ganhará com isso. A quantidade de vida deve se aliar à qualidade!

Pacientes com doenças inflamatórias intestinais (DII)

Doenças inflamatórias intestinais também merecem cuidado especial na prevenção do câncer de intestino

O processo inflamatório que ocorre na parede intestinal dos portadores de doenças inflamatórias intestinais (DII), ao longo do tempo, aumenta o risco de desenvolvimento de câncer de intestino.

Isso ocorre principalmente se o tratamento não for instituído e a inflamação não for controlada. Além disso, o tempo prolongado de doença é outro fator.

Quando mais de um terço da extensão do intestino é acometida por inflamação, e a doença tem mais de 30 anos de evolução, o risco de transformação em câncer pode chegar a 18%.

Outros fatores associados para aumento das chances de tumores malignos são a história familiar de câncer de intestino e as complicações para além do intestino (extra-intestinais) das DII.

Prevenção e tratamento em casos de DII

De toda forma, não há necessidade para pânico, uma vez que sabemos que a evolução dos métodos de tratamento das DII e dos métodos e protocolos de prevenção têm conseguido diminuir significativamente a incidência de câncer nessa situação.

O câncer nesses casos se desenvolve de uma displasia mucosa (alteração estrutural e genética das células da parede intestinal). Hoje, com os novos aparelhos de colonoscopia e técnicas de coloração e magnificação, essas lesões são detectadas antes de se tornarem malignas.

Exames para pacientes com DII

Nos pacientes com DII, o exame geralmente escolhido pelo médico é a colonoscopia. O intervalo varia entre 1 e 3 anos, dependendo dos fatores de risco apresentados pelo paciente. Para definir a frequência, é preciso avaliar:

  • Duração da doença maior que oito anos;

  • Inflamação de difícil controle ou com complicações;

  • Paciente jovem ao desenvolver a doença;

  • Parente de primeiro grau com câncer de intestino;

  • Presença de manifestação extra-intestinal das DII, principalmente a colangite esclerosante;

  • Achados atípicos em colonoscopias anteriores, como pólipos.

Siga sempre a orientação do médico

A mensagem para levar para casa é que, no fim das contas, a orientação do seu médico é que irá fazer a diferença.

Em outras palavras, pessoas idosas e também indivíduos com DII devem seguir as orientações do médico que os atendem, além de utilizar as medicações corretamente e repetir os exames preventivos no período adequado.

Essas são as estratégias fundamentais para que o risco de desenvolver câncer de intestino seja minimizado.

Fontes:

Colorectal cancer screening: Recommendations for physicians and patients from the U.S. Multi-Society Task Force on Colorectal Cancer Douglas K. Rex, MD,1 C. Richard Boland, MD,2 Jason A. Dominitz, MD, MHS,3 Francis M. Giardiello, MD,4 David A. Johnson, MD,5 Tonya Kaltenbach, MD,6 Theodore R. Levin, MD,7 David Lieberman, MD,8 Douglas J. Robertson, MD, MPH

Copyright ª 2017 by the American Society for Gastrointestinal Endoscopy, the AGA Institute, and the American College of Gastroenterology 0016-5107/$36.00

http://dx.doi.org/10.1016/j.gie.2017.04.003

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6700690/

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