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Recebi o diagnóstico de câncer de intestino: será que vou morrer?


O medo do câncer de intestino é natural, mas médicos existem para ajudar

Ao longo de setembro, este blog foi dedicado à conscientização e à prevenção do câncer de intestino. Escrever sobre o tema ajudou este autor que vos escreve a refletir sobre a importância que essa doença tem para todos.

Muitos pacientes se negam a pronunciar a palavra “câncer”, pelo estigma e o medo que ela impõe. Além disso, o desconhecimento gera uma série de crenças que desinformam e levam a sentimentos e comportamentos que podem retardar o diagnóstico dos tumores e até piorar o seu prognóstico.

Diagnóstico de câncer de intestino e medo de morrer

O fato de praticar a medicina há mais de 18 anos me permitiu vivenciar muitas situações em consultório médico, mas nenhuma é mais frequente que a ideia que o paciente tem de que vai morrer quando recebe o diagnóstico de câncer.

Esse pensamento é mais do que natural. Os tumores malignos ameaçam a vida, e até bem pouco tempo atrás, o arsenal terapêutico contra o câncer era limitado. Mas uma doença levar à morte é algo que tem que ser avaliado individualmente, principalmente no caso dos tumores de intestino.

Prevenção e evolução da medicina

Em textos publicados previamente neste blog, abordamos temas relacionados à prevenção do câncer – a chamada prevenção primária –, como remoção de lesões pré-malignas (pólipos), antes de sua transformação, além da detecção precoce de lesões malignizadas.

Em outras palavras, a comunidade médica sabe que, quanto antes o diagnóstico é feito, maior é a chance de que a cura seja atingida e com qualidade de vida, o que é ainda melhor, concorda?

A medicina evoluiu de maneira muito rápida. Por outro lado, o conhecimento dos pacientes sobre essa evolução não consegue acompanhar esse processo. Muitos ainda associam as cirurgias de intestino à confecção de desvios do trânsito intestinal para a pele do abdome (ostomias), fato que só ocorre em uma minoria dos pacientes tratados e, mesmo assim, temporariamente na maior parte dos casos.

Diagnóstico de câncer e tratamento

Hoje em dia, o tratamento do paciente oncológico, ou seja, aquele que tem câncer, se transformou em todos os aspectos. Anteriormente, o diagnóstico muitas vezes era feito durante o próprio procedimento cirúrgico, que tinha a intenção de tratar. Esse fato gerava cirurgias mutiladoras e tratamentos não efetivos.

Já a evolução para métodos diagnósticos mais precisos, com possibilidade de identificar o estágio da doença antes de definir o tratamento, permite ao médico cuidar do paciente com grande precisão e individualização.

Cirurgias e tratamentos para câncer de intestino

A cirurgia também mudou ao longo dos anos, além de as taxas de recorrência da doença no mesmo local do tumor primário terem caído drasticamente – a ponto de serem consideradas raras (menor que 3% dos casos).

O avanço e o aperfeiçoamento da cirurgia, hoje minimamente invasiva (laparoscópica/robótica ou transanal), e da recuperação acelerada diminuíram o trauma operatório. Atualmente, o tempo de internação é cada vez menor, e os resultados cirúrgicos são cada vez melhores.

As novas drogas quimioterápicas e imunobiológicas para o tratamento de quimioterapia, além de técnicas de radioterapia avançadas, conseguem índices de regressão e controle tumoral que nunca antes eram sonhados.

Inclusive, hoje vemos casos de regressão completa de tumores de reto, que dispensam a cirurgia – você pode conferir aqui um post apenas sobre tratamento não operatório do câncer de reto.

Mesmo os pacientes com metástases ou doença localmente avançada podem ser submetidos a procedimentos combinados que almejam a cura.

Chances de cura de câncer de intestino

Médicos sempre encontram formas de ajudar pacientes com câncer de intestino

Entretanto, é importante ressaltar que nem todos os pacientes serão curados. Mais de 30% dos pacientes com câncer de intestino vão falecer em decorrência da doença ou de suas complicações.

O tratamento pode apresentar risco também, e sua agressividade pode não ser tolerada pelo doente. De toda forma, mais uma vez fica, a mensagem da importância do tratamento personalizado. Não adianta indicar a cirurgia ou medicamento mais eficaz, e o paciente vir a óbito pelos efeitos adversos.

Infelizmente, existem pacientes oncológicos incuráveis, mas não existem pacientes intratáveis, e sempre haverá como ajudar, sendo com analgesia, conforto, afeto ou empatia.

Prevenção e detecção precoce são essenciais

Por isso, é tão importante falar de prevenção e detecção precoce. Quanto mais cedo for identificado o câncer, menos agressivo será o tratamento e maiores serão as chances de cura.

Então, acreditar que o indivíduo que recebe o diagnóstico de câncer de intestino vai morrer não é o melhor caminho de pensamento, pois isso não é verdade. Pode acontecer, infelizmente, mas a maioria terá uma vida plena e livre de doença.

Até semana que vem!

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