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Doença de Crohn – o temor é justificado?

Encerrando a série de posts relacionados à conscientização sobre as doenças inflamatórias do intestino, hoje será apresentada a Doença de Crohn. Esta afecção é representada por um processo inflamatório que pode acometer todo o trato gastrointestinal, da boca ao ânus. Ela é mais comum na parte final do intestino delgado (íleo), intestino grosso e ânus. Dada esta variedade de locais acometidos, os sintomas podem variar muito. Uma característica importante é a profundidade do acometimento da parede do intestino, que geralmente é atingida em todas as suas camadas, gerando destruição da superfície absortiva do órgão (mucosa) e posteriormente até a perfuração. A figura 1 abaixo mostra as características, durante uma colonoscopia, de um intestino delgado, inflamado pela doença de Crohn, já a figura 2 mostra um intestino normal.

Figura 1 - imagem colonoscópica de um intestino de um portador de doença de Crohn em atividade

Fonte: arquivo pessoal

Figura 2 - imagem colonoscópica de um intestino de um paciente sem inflamação

Fonte: arquivo pessoal

A doença não possui causa conhecida e é considerada multifatorial, com fatores imunológicos, ambientais e hereditários tendo participação em sua gênese. Quando as regiões do intestino delgado e início do intestino grosso são acometidas, a diarreia é o principal sintoma, associado à perda de peso, dor abdominal, falta de apetite, sangramento intestinal e febre. Já o adoecimento das regiões próximas ao ânus gera dor local, inflamações, abscessos, sangramento e formação de fístulas. As figuras 3, 5 e 4 ilustram as imagens de ressonância magnética e o tratamento cirúrgico das fístulas associadas à doença e que necessitam de tratamento cirúrgico.

Figura 3 - Imagem de fístula perianal pela ressonância magnética (área destacada em verde)

Fonte: arquivo pessoal

Figura 4 - Imagem de fístula perianal pela ressonância magnética (área destacada em verde)

Fonte: arquivo pessoal

Figura 5 - fístula perianal tratada com colocação de sedenho (latex) para drenagem

Fonte: arquivo pessoal

Esta condição é mais comum entre os 15 e 35 anos de idade e tabagismo é fator de risco para seu aparecimento. O diagnóstico nem sempre é fácil e muitas vezes demora anos até ser realmente consolidado. É importante ter acesso à uma equipe experiente para o melhor manejo do problema, visto que a doença eventualmente necessita de tratamento clínico, nutricional e cirúrgico.

Apesar de não haver cura efetiva, a maioria dos pacientes consegue ter uma vida normal, desde que faça os controles adequados e use as medicações de maneira correta.

Então, respondendo à pergunta do título, apesar de poder levar a consequências nefastas e risco de cirurgias e até de morte, a doença de Crohn não deve ser temida, mas conhecida e tratada, para assim ser possível identificar precocemente, tratar adequadamente e possibilitar melhor qualidade de vida aos pacientes.

Abraço!

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