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Fístula anal: VAAFT como tratamento para casos complexos


A fístula anal pode ser tratada de diversas formas pelo coloproctologista

A fístula anal ou perianal complexa é um verdadeiro desafio para o médico coloproctologista. Fístulas nada mais são que uma comunicação fora do normal que ocorre entre o canal anal e a pele ao redor do ânus.

A causa da maioria das fístulas é criptoglandular, ou seja, por meio de um processo inflamatório gerado pela obstrução de glândulas presentes no canal anal. Esse processo culmina com a formação de secreção purulenta e formação de abscessos, isto é, acúmulo de pus.

Assim, ocorre a drenagem (saída) dessa secreção por meio da pele perianal e sua consequente comunicação com o canal anal, chegando ao quadro que chamamos de fístula. Para saber mais sobre as fístulas perianais, tem outro post sobre isso aqui, além de outros conteúdos sobre doenças anais.

Fístula anal complexa

Para ser considerada complexa, uma fístula anal pode:

  • Ter mais de um trajeto;

  • Apresentar áreas de acúmulo de pus em seu interior;

  • Não apresentar orifício de drenagem;

  • Ter íntima relação com a musculatura esfincteriana externa, que é responsável pela continência anal.

As fístulas perianais simples podem ser tratadas com cirurgias em um único tempo e sem risco para a continência anal. Por outro lado, as fístulas anais complexas podem prejudicar a continência do paciente, caso sejam tratadas com métodos que afetem a musculatura anal.

Tratamento de fístulas anais complexas

Várias técnicas foram desenvolvidas para o tratamento desse tipo de doença, como os retalhos, os setons, laser, cola biológica, o LIFT (ligação do trajeto fistuloso no espaço interesfincteriano) e o VAAFT, que é um tratamento da fístula anal vídeo-assistido.

É importante ressaltar que, na medicina, sempre que existem várias técnicas para o tratamento de um problema, mas nenhuma delas é perfeita. Cada uma tem indicação específica e deverá ser avaliada pelo médico.

VAAFT para tratar fístula anal

O VAAFT, um sigla em inglês para “Video Assisted Anal Fistula Treatment”, é uma técnica relativamente nova, desenvolvida em 2011, e que consiste na visualização interna do trajeto da fístula. Isso é feito por meio do uso de uma ótica de vídeo, com diâmetro bastante pequeno.

VAAFT é uma alternativa de tratamento para fístula anal

O instrumento é inserido em toda extensão da doença, permitindo que seja possível tratar, de maneira eficiente, trajetos secundários e áreas que colecionam pus.

A técnica envolve uma fase de diagnóstico, em que todas as características das fístulas são avaliadas, e uma segunda fase, a terapêutica, em que as cavidades e os trajetos são destruídos. Além disso, nessa etapa são removidos os tecidos desvascularizados, que mantêm o processo inflamatório.

Por não envolver a secção dos músculos esfíncter, a VAAFT é considerada uma técnica com baixo risco à continência anal e se tornou de um bastante frequente.

Tratamento tem chances elevadas de recuperação

Em estudos recentes, a maioria dos pacientes considerados para a VAAFT apresentavam fístulas complexas ou já haviam sido submetidos a outras abordagens, mas sem sucesso. Com a técnica, o trajeto das fístulas foi adequadamente identificado em 93% dos casos, mas o tratamento utilizado variou entre os hospitais.

Já a taxa de sucesso foi de 82,3%, semelhante a outras técnicas avançadas de tratamento cirúrgico, como o avanço de retalho e o LIFT, além de melhores resultados que o laser, PLUG e cola biológica.

VAAFT como técnica segura

O VAAFT pode ser considerado uma técnica segura, com risco de complicações inferior a 5%, além de ser comparável às melhores opções de tratamento de fístulas anais. Outro ponto importante é a baixa chance de incontinência fecal.

A comunidade médica sabe que, em um cenário de doença grave, com alto risco de recorrência e até de incontinência, o VAAFT é uma opção viável, de baixo risco e com resultados bons no tratamento das fístulas perianais complexas.

Por outro lado, o fator que limita o uso da técnica é o custo, que envolve o aluguel do aparelho, a internação (de um dia apenas) e dos materiais utilizados.

Mas precisamos reforçar que o mais importante é que o tratamento nunca seja pior que a doença. Portanto, fique atento!

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