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Amputação de reto: a colostomia é necessária após essa cirurgia?

Há alguns meses, a cantora Preta Gil declarou que havia sido submetida a amputação de reto. Muitos pacientes vão à nossa clínica perguntando mais sobre isso: “se ela amputou o reto, como foi possível fechar a colostomia”?


Pode parecer obvio para alguns médicos, mas para os ostomizados – isto é, pessoas com a bolsa de colostomia –, a possibilidade de reconstruir o trânsito após uma colostomia definitiva mexe com a esperança de muitos pacientes. Hoje, vamos falar sobre esse assunto para esclarecer a questão.


O que acontece na amputação de reto?

O significado da palavra “amputar” no dicionário está associado a remover um membro ou órgão e, então, a amputação de reto significa apenas remover esse segmento do intestino. Em outras palavras, essa cirurgia não indica necessariamente que a pessoa tem que ficar com uma ostomia definitiva, ou seja, ela poderia ser revertida.


A questão que gera dúvida é uma cirurgia coloproctológica que se chama amputação abdomino-perineal. Ela consiste na remoção do reto por via abdominal e, depois, de todo o complexo esfincteriano (ânus) por via perineal.


Nesse caso, sim, o paciente fica sem ânus e não há como “emendar” o intestino. Ou seja, é realmente necessário ficar com estoma de maneira definitiva.


Formas de reconstrução do trânsito após a amputação de reto

Como dissemos antes, remover o reto pode permitir a reconstrução do trânsito, e eventualmente, a pessoa pode não precisar de uma colostomia. Mas esses são casos muito selecionados, visto que a emenda muito próxima do canal anal tem maiores riscos de vazamento e, normalmente, é protegida por uma ostomia.

A bolsa de colostomia é usada após cirurgia de amputação de reto
A bolsa de colostomia é usada após cirurgia de amputação de reto

Se o fluxo de fezes vai passar do cólon remanescente para o ânus e daí ser evacuado, é necessário confeccionar uma anastomose (termo médico para emenda), que pode ser feita de duas maneiras.


Grampeada

A grampeada é uma forma que consiste em aproximar as duas partes com uso de grampos cirúrgicos automáticos. Ela está indicada quando há alguma quantidade de mucosa retal remanescente que permita usar o instrumento.


Indicação: Esse é o caso de tumores de reto que não acometam a mucosa do canal anal ou sua musculatura.


Manual

No caso da forma manual, o cirurgião dá os pontos que vão unir o intestino ao ânus. A técnica é indicada nos casos em que toda mucosa retal e até parte do epitélio e musculatura anal tenha sido removida. São emendas extremamente baixas.


Indicação: Esse é o caso de tumores malignos ultra baixos, retocolite ulcerativa e poliposes intestinais.


Quanto mais próximo do ânus for a manipulação, maior o risco de complicações da emenda e mais sintomas relacionados à cirurgia ocorrem. 


Conclusão

Então, para facilitar: a amputação de reto permite, sim, a reconstrução do trânsito, a não ser que o complexo esfincteriano anal tenha sido removido. Nesse último caso, o paciente permanecerá ostomizado, ou seja, com a bolsa de colostomia permanentemente.


Bolsa de colostomia ainda permite vida com qualidade

É importante reforçar que o uso da bolsa de colostomia não significa baixa qualidade de vida. Novas tecnologias sempre estão sendo desenvolvidas e podem surgir alternativas que hoje ainda não estejam disponíveis.

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