Vamos falar de tabu? Com certeza um dos assuntos mais temidos em coloproctologia é a colostomia. Não há um dia em nossa prática que não tenhamos que responder alguma pergunta sobre os tipos de colostomia e para que servem.
Hoje, a confecção de colostomia é cada vez menos necessária em cirurgias colorretais, mas sua importância ainda existe e vamos te ajudar a entender um pouco mais.
Na época da pandemia de Covid, o ator e modelo Luciano Szafir teve que ficar com uma colostomia por um tempo e isso atraiu muita atenção da população, mas pouca gente entende porque utilizamos este artifício.
O que é colostomia?
A colostomia consiste no posicionamento de uma abertura do intestino grosso (cólon) na parede do abdome de modo a permitir a saída das fezes por esse local e que são coletadas em uma bolsa.
Imagine nosso intestino como um tubo, assim, a colostomia é como se um orifício fosse feito nele e o colocássemos posicionado na barriga para desviar o trânsito que normalmente passa ali.
Tipo de colostomias
As colostomias são classificadas de várias maneiras, como explicaremos a seguir.
Colostomia permanente ou temporária
Se a colostomia é feita com expectativa de ser desfeita em um futuro próximo, damos o nome de temporária. São indicadas quando a doença que acomete o cólon pode ser corrigida e o trânsito intestinal pode ser reconstruído.
Por outro lado, quando o problema que impede o trajeto intestinal de ser completado não pode ser resolvido ou quando o ânus tem que ser removido, não há alternativa a não ser realizar uma colostomia definitiva.
Colostomia pelo número de bocas
Considerando o intestino um tubo, se ele é cortado e apenas uma de suas bocas é posicionada na pele, damos o nome de colostomia terminal ou em boca única. Quando ambas as bocas do cólon são exteriorizadas, damos o nome de dupla boca.
Ela pode ser em cano de espingarda, quando o intestino é seccionado completamente ou em alça, quando apenas uma parte do intestino é aberto sem separação das bocas.
Indicações para colocar colostomia
A seguir, confira as indicações da colostomia.
Cirurgias de ressecção do ânus
Quando uma doença acomete o ânus ou o intestino muito próximo a ele, às vezes a cirurgia para tratar o problema incorre na necessidade de se amputar o ânus (remover completamente).
Ou seja, nesse caso, temos que realizar um artifício para permitir que a pessoa evacue e utilizamos uma colostomia para isso.
Cirurgias de urgência
Às vezes, quando vamos operar um paciente em caráter de urgência, não é seguro emendar o intestino no mesmo momento, então confeccionamos uma colostomia para permitir ganhar tempo para que a pessoa se recupere e os problemas cicatrizem.
Felizmente, esses casos são raros e na maioria deles a colostomia é temporária e pode ser revertida.
Intercorrências cirúrgicas
Se durante uma operação detectamos um problema que gera insegurança na manutenção da integridade do trânsito intestinal, podemos recorrer à realização de uma colostomia para diminuir o risco de uma complicação.
Hoje, com o aprimoramento da técnica cirúrgica e dos materiais utilizados, quase não há essa indicação.
Complicação cirúrgica
Mesmo com todo cuidado, complicações são incomuns, mas acontecem. Os problemas de cicatrização de uma emenda intestinal podem estar relacionados a condição do paciente, a doença que o acometem, a irrigação do intestino e técnico-operatório.
Nesses casos, a emenda abre e as fezes começam a cair dentro do abdome, o que configura uma catástrofe e que deve ser abordada imediatamente. Quando há necessidade de reoperar, podemos utilizar uma colostomia para diminuir a chance de complicações intra-abdominais.
Conclusão
Esperamos que esse texto tenha ajudado a diminuir a ansiedade com relação às colostomias. Na próxima semana, iremos publicar um post sobre as dúvidas mais comuns sobre as colostomias, então, fique de olho no meu Instagram para saber mais sobre temas em saúde intestinal.
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