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Como a qualidade do sono influencia o funcionamento do intestino?

O brasileiro tem dormido mal. E a qualidade do sono influencia o funcionamento do intestino. Se as coisas já não estavam fáceis, com o início da pandemia, cerca de 70% da população passou a ter dificuldades de pegar no sono, de acordo com um estudo realizado pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais.


A importância de uma noite bem dormida é reconhecida por praticamente todas as áreas da medicina, e a privação do sono está relacionada ao aumento de risco de várias doenças, como:

  • Hipertensão;

  • Acidentes vasculares (“derrames”);

  • Diabetes;

  • Obesidade;

  • Infarto agudo do miocárdio.

Por que a qualidade do sono afeta o intestino?

É muito divulgado que o intestino é um “segundo cérebro”, respondendo diferentemente a estímulos do ambiente e aos estados do humor.


Nos casos de pessoas diagnosticadas com a Síndrome do Intestino irritável (SII), essa relação está bem definida. Ou seja, é sabido que mais de metade dos indivíduos com SII dormem mal, acordam a noite com desconforto e têm distúrbios no ritmo noite/dia.


Esse processo altera a produção e liberação de neurotransmissores intestinais, composição do microbioma intestinal e a absorção de nutrientes.


Má qualidade de sono e problemas intestinais

A interação entre hipersensibilidade a estímulos dolorosos e a inquietude durante o sono parece ser um dos fatores associados à dificuldade de dormir e ao despertar noturno frequente.

A qualidade do sono influencia o funcionamento do intestino
A qualidade do sono influencia o funcionamento do intestino

O processo acaba por criar um círculo vicioso entre desconforto abdominal, mal funcionamento intestinal, o que levam ao desequilíbrio do sistema nervoso autônomo e microbiota que por consequência interferem no ritmo natural do sono.

O difícil é saber o que vem primeiro, se os sintomas da SII ou a alteração durante o repouso.


Supercrescimento bacteriano, SII e distúrbios do sono

Foi determinado também que a Síndrome me do Supercrescimento bacteriano (SSB), piora os sintomas da SII e esses pacientes sofrem mais durante o processo de sono noturno. Alguns autores advogam que o tratamento com uso de antibióticos como a neomicina e a rifaximina pode ajudar na melhora da qualidade de vida.


Melatonina no tratamento de doenças intestinais

Com o intuito de melhorar a qualidade do sono, o uso de melatonina levou à redução das queixas de sintomas gastrointestinais nos pacientes com SII, durante o dia seguinte. Isso parece afetar positivamente a saúde desses indivíduos, apesar de não ter sido encontrado nenhum sinal mensurável de mudanças fisiológicas do organismo.


Da mesma forma, a melatonina pode estar associada a melhora dos distúrbios do sono em pessoas portadoras de doenças inflamatórias intestinais e melhor controle da inflamação.


Dormir bem faz bem ao intestino

Como pudemos observar ao longo do texto, o intestino responde ao ritmo de repouso do organismo e vice-versa. Dormir bem e no tempo correto vai ajudar a melhorar a qualidade de vida.


Além disso, o uso consciente de medicações no tratamento da SII e da SSB também pode ajudar. As reposições com pré e probióticos são ferramentas úteis, nunca deixando de considerar o adequado rastreamento de doenças orgânicas.


E os remédios para dormir?

A utilização de medicações indutora dos sono e ansiolíticos só é indicada com base nas observações do médico especialista. A automedicação, além de ser um risco para a vida da pessoa, pode induzir à dependência e tolerância ao longo do tempo.


Assim, parcimônia é a palavra.


Tratamentos tentando abranger precocemente todos os sintomas não estão indicados, uma vez que aumentam os riscos de efeitos adversos das medicações e podem onerar muito o paciente.


Entretanto, uma abordagem ampla das queixas, além de um manejo consciente de medicações, geralmente é o que levará ao melhor resultado.


Até logo, pessoal!

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