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Doença diverticular: quando é preciso fazer cirurgia?

Recentemente, ficamos surpresos pela notícia de que o papa Francisco foi submetido à cirurgia para tratamento de diverticulose colônica – isto é, presença de divertículos (pequenas bolsas) no intestino.


Outro quadro relacionado é a doença diverticular sintomática, bem como a diverticulite. Como pouco se fala sobre o tratamento, muitos pacientes com esse diagnóstico buscam esclarecer dúvidas com o coloproctologista. Ao longo deste texto, vamos tentar elucidar alguns pontos sobre o tratamento da doença diverticular.


O que é doença diverticular sintomática?

Primeiramente, é importante diferenciar o que é diverticulose, diverticulite e doença diverticular sintomática. São diferenças sutis, mas que ajudam a definir melhor como abordar cada problema.


Diverticulose intestinal

A diverticulose intestinal é caracterizada pela presença de pequenas saculações (áreas “estufadas” na parede do intestino), decorrentes de um excesso de pressão e alteração na motilidade. Essas bolsas aparecem em alguns pacientes no decorrer dos anos.


Diverticulite

A diverticulite é a inflamação e a posterior infecção desses divertículos. Esse processo pode ser leve e tratado com antibióticos. Por outro lado, também pode ser grave, inclusive evoluindo para perfuração intestinal e indicação de cirurgia de urgência.


Doença diverticular sintomática

A doença diverticular sintomática, por sua vez, é caracterizada por um diagnóstico mais complexo, pois envolve uma gama de sintomas. Ela geralmente está relacionada com processos inflamatórios repetitivos numa mesma região do intestino.


Para saber mais sobre a diferenciação desses problemas, clique aqui.


Formas de tratamento para cada doença

A diverticulose intestinal não exige tratamento e, na maioria dos casos, será acompanhada pelo coloproctologista, apenas com aconselhamento nutricional e hidratação adequada.


Já a diverticulite exige, muitas vezes, a realização de exames laboratoriais e radiológicos, além de tratamento com antibióticos e cirurgia, quando necessário.


Por sua vez, a abordagem da doença diverticular sintomática merece ser abordada com mais detalhes, uma vez que o problema – que costumar ser subdiagnosticado –, é responsável por afetar a qualidade de vida de muitos pacientes.


Sintomas e tratamento da doença diverticular sintomática

A doença diverticular sintomática é uma condição clínica com dor do lado esquerdo do abdome, associada ou não a diarreia, constipação (prisão de ventre) e/ou sangramento intestinal. A dor pode ter ligação com a passagem das fezes e pode ser desencadeada pela ingestão alimentar.

A doença diverticular sintomática é uma condição clínica com dor do lado esquerdo do abdome
A doença diverticular sintomática é uma condição clínica com dor do lado esquerdo do abdome

Não existe uma causa específica para esse problema, principalmente porque ele parece estar relacionado com múltiplos fatores, como processos inflamatórios prévios dos divertículos, sensibilidade individual à dor e alterações anatômicas próprias do intestino.


O processo é definido por sintomas e não necessariamente por ser uma doença identificável. Mas alguns indivíduos desenvolvem uma rigidez na parede do intestino, com diminuição da elasticidade do órgão e, consequentemente, do diâmetro interno em que se dá a passagem das fezes.


Dependendo de cada caso, a pessoa afetada pode ter desde poucos sintomas até sinais de obstrução intestinal.


Abordagem do paciente com doença diverticular sintomática

Primeiramente, sempre tentamos a abordagem clínica, desde que o quadro do afetado permita. Em geral, o tratamento para a doença diverticular sintomática inclui as seguintes orientações:

  • Não utilizar antibióticos, a não ser que haja infecção definida.

  • Evitar drogas anti-inflamatórias e opioides, pois podem aumentar o risco de perfuração intestinal.

  • Orientar sobre a manutenção de hábitos saudáveis;

  • Manter dieta rica em fibras e hidratação adequada, para ajudar a controlar os sintomas;

  • Esquecer o mito de que há necessidade de sementes, grãos, pipoca ou frutas com casca;

  • Tratar a constipação da maneira menos irritativa do intestino;

  • Manter exercício e estimular a perda de peso;

  • Parar de fumar pode auxiliar na diminuição da chance de diverticulite;

  • Usar de analgesia simples (dipirona e paracetamol), quando indicado, bem como antiespasmódicos e medicação para síndrome do intestino irritável;

  • Usar aminossalicilatos, quando indicado, pois pode ter efeitos benéficos na redução dos sintomas (procure nossa clínica para saber mais).

Quando não há resposta ao tratamento, o cuidado do paciente deve ser assumido por médico especialista, para identificar o melhor manejo e abordagem.


Indicações de cirurgia de doença diverticular sintomática

Alguns casos de doença diverticular sintomática vão se beneficiar da cirurgia, que consiste na remoção cirúrgica do segmento acometido, com emenda do intestino, sem necessidade de colostomia na maioria dos casos.


Abaixo podemos ver as principais indicações de cirurgia para pacientes com:

  • Estreitamento intestinal ou angulação do intestino, com sintomas obstrutivos ou de dor, que não respondem ao tratamento clínico;

  • Impossibilidade de investigação preventiva do intestino ou suspeita de doença em partes do cólon, que não podem ser avaliadas por causa do estreitamento;

  • Suspeita de câncer no local doente;

  • Processos inflamatórios recorrentes – mesmo sem gravidade, alguns pacientes têm quadro repetitivo de diverticulite e que são potencializados pelas deformidades do intestino.

Fiquem atentos, pois a grande maioria das pessoas com diverticulose intestinal não sente nada e leva uma vida sem qualquer sofrimento.


As medidas relatadas acima valem para todos e podem ser adotadas por pessoas que portam divertículos, mesmo que não apresentem queixas.


Nunca fique em casa quando o sofrimento persiste ou o quadro piora, procure ajuda de um profissional competente.


Até!

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