Ei, querido leitor, seja bem-vindo novamente! Nesta semana escolhemos o tema mais perguntado por pacientes em pós-operatório da nossa clínica. Quanto tempo ficar sem dirigir após uma cirurgia?
A mais honesta é que não existe uma resposta única devido a muitas variáveis envolvidas. Isto é, seria impossível fazer um manual com os períodos exatos, mas nem tudo está perdido. Podemos trazer luz nesse assunto de maneira racional de maneira a orientá-los adequadamente.
NOTA IMPORTANTE: Tudo que será lido a seguir está de acordo com minha opinião embasada por dados disponíveis na literatura e não podem ser extrapolados para outros cirurgiões.
Diretrizes sobre dirigir após uma cirurgia
A seguir, vamos listar algumas diretrizes importantes que devem ser levadas em conta com relação ao tempo que uma pessoa deve ficar sem dirigir após uma cirurgia.
1. Tipo de anestesia
A anestesia local não impacta, na maioria das vezes, os reflexos e movimentos do corpo, isto é, não impede a direção. Entretanto, em casos de anestesias que levam a alterações na capacidade de raciocínio, reflexos, memória e movimentação dos membros, é recomendado um mínimo de 24 horas antes de voltar a pegar a direção. São elas:
Sedação
Anestesia geral
Anestesia peridural
Anestesia raquianestesia
2. Tipo de cirurgia
Com relação ao tipo de cirurgia, podemos dividir ainda nos fatores a seguir.
Local afetado
Cirurgias abdominais e na região perianal podem gerar desconforto e dor nessas regiões, o que pode tirar a atenção ao volante ou gerar necessidade de se utilizar de posições inadequadas que aumentem o risco de acidentes.
Questões de mobilidade
A posição de dirigir é estática em grande parte do tempo. Essa imobilidade associada a fatores pró-coagulantes de uma operação podem se associar a ocorrência de tromboses venosas e embolias pulmonares.
Cuidados com a cicatrização
Existe o risco de acidente quando a pessoa volta a dirigir após uma cirurgia. Um choque gera forças no corpo que são capazes de lesar estruturas em cicatrização e prejudicar a recuperação do organismo.
3. Medicações utilizadas no pós-operatório
Várias medicações utilizadas na recuperação de pacientes podem:
Alterar os reflexos
Causar sonolência
Aumentar risco de sangramento
O paciente deverá ter cessado o uso delas antes de retomar o hábito de dirigir. Alguns exemplos de medicações e seus riscos são:
Analgésicos comuns: reflexos e sonolência
Medicações para enjoo: sonolência
Anti-inflamatórios: sangramento
Analgésicos opioides: reflexos e sonolência
Anticoagulantes: sangramento
Sedativos: reflexos e sonolência
Medicações para dormir: reflexos e sonolência
4. Fatores associados ao paciente
Cada pessoa recupera de uma cirurgia a sua maneira e, durante este processo pode acontecer mal-estar, sensação de desmaio e crises de ansiedade. O organismo de cada um e sua capacidade deve ser respeitada, sendo assim, mesmo quando liberado pelo médico, se você não estiver se sentindo bem, não dirija.
Conclusão
De maneira geral, a orientação que seguimos é: se os principais riscos de complicações cirúrgicas e anestésicas já passaram e o paciente se sente bem para tal atividade, pode voltar a dirigir em pequenas distâncias e ir aumentando com o tempo.
Outro fator a ser lembrado é que o paciente deve evitar passar mais de uma hora dirigindo. É importante seguir a orientação de parar por alguns momentos e movimentar as pernas para diminuir o risco de trombose venosa e embolia pulmonar.
Cabe dizer que acidentes podem acontecer com qualquer pessoa e todo cuidado é pouco. E é claro, somente pessoas habilitadas podem dirigir.
Até mais, pessoal!
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