Múltiplas internações, cirurgias longas e medicações com efeitos colaterais consideráveis. A vida do paciente com câncer de intestino avançado não é nada fácil. A maioria das pessoas não sabe como é a realidade no dia a dia dos hospitais e clínicas especializadas em câncer.
Mas isso acabou ficando mais conhecido pela população, quando passamos a acompanhar a situação da artista Preta Gil, o que é muito importante para ajudar a esclarecer sobre a doença e desmistificar os tabus relacionados a ela.
O que significa um câncer de intestino com metástase?
Quando o câncer de intestino se encontra em estágio avançado, ele pode invadir outros órgãos de três formas diferentes:
Disseminação local
Disseminação sanguínea
Disseminação linfática
Disseminação peritoneal
A seguir, vamos explicar um pouco sobre cada uma das formas de metástase.
Disseminação local do câncer de intestino
No caso da disseminação local do câncer de intestino, o tumor sai do órgão de origem – no caso, o intestino grosso ou reto – e invade de maneira contínua outro órgão próximo. Esse é o caso das lesões de sigmoide que invadem o útero ou a bexiga, por exemplo.

Disseminação sanguínea ou hematogênica
Quando ocorre a disseminação sanguínea ou hematogênica, o câncer primário invade vasos sanguíneos do intestino e lança células para órgãos à distância, como o caso do fígado – local mais comum.
Disseminação linfática do câncer avançado
Já a disseminação linfática do câncer de intestino avançado é um pouco mais difícil de entender. Essa metástase acontece quando a lesão primária (inicial) invade vasos linfáticos, responsáveis por auxiliar na absorção de gorduras, além de serem carreadores de células de defesa.
As células cancerígenas então passam por “filtros” chamados linfonodos (popularmente conhecidos como ínguas) e vão aumentando de tamanho a medida que o tumor cresce.
Disseminação peritoneal
Quando as células cancerígenas são espalhadas pelo peritônio, membrana que recobre os órgãos da cavidade abdominal, chamamos essa metástase de disseminação peritoneal.
Como conviver com metástase do câncer de intestino?
Então, voltando à pergunta do título, cada uma das situações acima se manifesta de maneira diferente e podem coexistir em um mesmo paciente com câncer de intestino avançado.
Até algum tempo atrás, quando as lesões malignas não podiam ser removidas cirurgicamente, o tratamento por quimioterapia e radioterapia eram considerados paliativos e permitiam o aumento de meses de vida.
Nos últimos anos, com o avanço da medicina e pesquisas sobre esses cânceres para a identificação de características moleculares e genéticas próprias de cada lesão, houve o desenvolvimento de novas medicações e tecnologias de tratamento local das lesões.
Isso tem permitido um melhor controle da doença, e ela tem se transformado em um problema crônico de saúde em alguns casos.
Câncer de intestino avançado não significa morte
A evolução da medicina no controle do câncer avançado pode ajudar a desmistificar uma das afirmativas mais comuns sobre os tumores malignos: “se o câncer está espalhado pelo corpo (com metástases) a pessoa vai morrer rápido”. Isso não deve ser tomado como verdade.
De forma alguma, podemos afirmar que o caso da querida Preta Gil pode ser encaixado na situação acima. O que sabemos é que os médicos estão fazendo todos os esforços para atingir a cura.
Sabemos que não são todos os cânceres de intestino que respondem ao tratamento. É comum vermos reportagens na TV e vídeos em streaming falando de tratamentos que conseguiram a cura dos pacientes apenas com medicações em desenvolvimento. Isso acontece de fato, mas somente em uma minoria dos casos e em lesões com características moleculares muito específicas.
Ou seja, cada caso é único e deve ser tratado como tal.
Tratamento de câncer e esperança são aliados
O intuito do nosso texto era passar a ideia de que nunca podemos perder a esperança, pois se a cura não pode ser alcançada, pelo menos o alívio dos sintomas geralmente é obtido. E, muitas vezes, isso é associado a ganho significativo de sobrevida.
Assim, as duas mensagens mais importantes a serem absorvidas são:
Existem doenças controláveis que se comportam como problemas crônicos, inclusive o câncer de intestino.
O paciente deve ser o foco prioritário para melhoria da qualidade e quantidade de vida.
A orientação deve ser sempre voltada para prevenção e diagnóstico precoce com exames como a colonoscopia, pois ajuda a reduzir a chance de detecção de doenças avançadas.
Em tempo! Março vem aí! Um mês inteiro dedicado à conscientização sobre o câncer colorretal.
Vamos seguir atentos à prevenção!
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