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Câncer de intestino: o que fazer quando a doença atinge outros órgãos?

Neste mês de prevenção e conscientização sobre o câncer de intestino, é necessário discutir a doença avançada, ainda que seja um tema difícil.


O Brasil não possui, até o momento, uma política nacional de prevenção da doença, o que torna o rastreamento do câncer colorretal um evento de oportunidade. Isso gera atraso no diagnóstico da doença e, quanto mais tardia é a detecção, maior é a chance de que outros órgãos, além do intestino, estejam acometidos.


Mas é importante diferenciar o câncer com crescimento em direção a um local que ele está em contato direto, a invasão, das lesões a distância, ou seja, as metástases.


Crescimento do câncer de intestino

Quando o câncer de intestino cresce, a tendência é que haja a penetração cada vez mais funda na parede do cólon ou do reto.


De acordo com as características dos tumores, local de aparecimento e particularidades do próprio organismo, esse crescimento permite que haja quatro maneiras de outros órgãos serem atingidos.


1. Invasão direta do câncer de intestino

A invasão direta do câncer é a maneira mais fácil de entender. A lesão no intestino vai crescendo, atinge camadas cada vez mais profundas da parede intestinal, até que as ultrapassa e se adere a órgãos que estão próximos.


É o que chamamos de tumor localmente avançado. Quando essa invasão não atinge áreas vitais, a remoção de toda lesão em um só bloco – que inclui o local de origem e onde está aderido – permite a possibilidade de cura por cirurgia e tratamentos complementares.

A cirurgia é um dos tratamentos para o câncer de intestino e metástases
A cirurgia é um dos tratamentos para o câncer de intestino e metástases

2. Via sanguínea (hematogênica)

A via sanguínea também é uma conhecida possibilidade de metástases. Nesse caso, os locais mais comuns de aparecimento desses tumores são:

  • Fígado

  • Pulmão

  • Cérebro

Geralmente, quando esse tumores são detectados, denotam uma doença que já se espalhou, mas isso não quer dizer que não haja cura.


A medicina evoluiu muito, portanto, a remoção ou a destruição dessas lesões tem sido possível, com taxas bastante altas de sobrevivência livre de doença.


É claro que, quando os tumores são identificados, o tipo de tratamento terá que ser discutido de maneira conjunta com os cirurgiões especialistas, oncologistas clínicos e radioterapêutas, considerando todas as modalidades de tratamento. É fundamental individualizar cada paciente e suas possibilidades.


3. Via linfática (“íngua”)

O sistema linfático é responsável por uma das mais importantes linhas de defesa do nosso organismo. Ele filtra processos inflamatórios, infecciosos e também tumorais de maneira a tentar conter doenças, para que não se espalhem.


As células cancerígenas penetram nesse sistema e tendem a crescer e destruir os linfonodos que perdem sua função. Com o tempo, elas passam para outros linfonodos até que atingem outros órgãos.


É por isso que, muitas vezes, não basta apenas remover o tumor e, sim, temos que remover áreas chamadas de margem de segurança, que vão incluir os locais mais comuns de disseminação de metástases.


4. Via peritoneal (transcelômica)

No crescimento do câncer de intestino por via peritoneal, o tumor se dissemina na superfície que recobre nosso abdômen por dentro.


É um pouco difícil de explicar, mas nossos órgãos não são fixos dentro da barriga, ou seja, eles se movimentam livremente, e isso só é possível por termos uma fina estrutura chamada peritônio, que os recobre e permite que eles deslizem sobre outros.


O problema é que, se as células do câncer chegam a esse local, podem se formar ninhos que irão crescer, com potencial de atingir vários pontos ao mesmo tempo, dificultando a remoção da doença e seu tratamento com objetivo de cura.


Em outras palavras, essa é a maneira que o câncer de intestino pode atingir os ovários, omento (gordura dentro da barriga), além da manifestação chamada de carcinomatose peritoneal. É considerada uma das mais graves apresentações do problema.


Tratamento sempre personalizado de câncer

Tendo em vista um melhor planejamento do tratamento, o médico realiza sempre que possível um ESTADIAMENTO, uma avaliação minuciosa do estado de avanço do câncer.


Isso é fundamental para que decisões apressadas não geram arrependimento e diminuam a chance de cura! No caso dos tumores de intestino, quanto mais cedo o diagnóstico, maior a chance de cura.


E, quando ele já foi diagnosticado, tirar alguns dias para investigar melhor o problema é sempre prudente, pois a doença não começou ontem. Portanto, correr só ajuda em casos identificados com complicações urgentes como a obstrução, perfuração ou hemorragia intestinal.


O tratamento nem sempre é cirúrgico

Mesmo quando a remoção ou destruição do tumor não é possível, sempre há algum tipo de tratamento que visa melhorar a quantidade e qualidade de vida. Então, nunca percam a esperança e especialmente procurem ajuda.


Tentar vencer essa batalha sozinho é a receita para a derrota. Fiquem atentos e pensem na prevenção, mesmo e principalmente se você não sentir nada!

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