Maio representa um marco na conscientização mundial sobre as doenças inflamatórias intestinais (DII). Além de o mês ser colorido pela cor roxa, símbolo desses problemas, o dia 19 de maio é chamado IBDDay – sigla em inglês para Dia das DII.
Como a coloproctologia é uma das especialidades envolvidas na identificação, tratamento e controle das doenças inflamatórias intestinais, é muito importante que o especialista esteja atento aos sinais iniciais de alerta.
E vale lembrar que essa atenção às DII cabe também ao paciente. Por isso, o objetivo desse texto é esclarecer algumas características dessas doenças. Acompanhe!
O que são doenças inflamatórias intestinais
“A gente só cumprimenta só quem a gente conhece” é uma frase que representa muito bem o raciocínio que costumamos ter acerca das DII. Ou seja, sem conhecer bem as características dessas enfermidades, fica mais difícil lidar com elas.
As doenças inflamatórias intestinais são problemas de saúde representados pela inflamação de pontos do trato gastrointestinal, sem causa identificada, mas com comportamento diverso e diagnóstico desafiador.
Em outras palavras, é comum pacientes chamarem de “hemorroida” todo e qualquer sintoma anal, o que pode atrasar a correta identificação de um problema.
Da mesma forma, pode acontecer de médicos que não conhecem as peculiaridades das DII terem dificuldade em identificar quais pacientes precisam de uma avaliação especializada para esses casos.
Doença de Crohn como doença inflamatória intestinal
As doenças inflamatórias intestinais têm como suas principais representantes a Doença de Crohn (DC) e a Retocolite Ulcerativa (RU). Para saber mais sobre as características de cada uma delas, você poderá clicar neste artigo, assim como neste conteúdo do blog.
Agora, vamos abordar as manifestações anais das DII e, nesse caso, a Doença de Crohn assume um papel predominante. Ou seja, a seguir, vamos entender mais sobre esses aspectos.
Doença de Crohn perianal
Apesar de poder acometer qualquer parte do trato gastrointestinal, a Doença de Crohn tem uma manifestação especifica na região anal e próxima ao ânus. Ela segue com um processo inflamatório profundo, que gera sintomas como:
Irritação;
Inchaço;
Infecções;
Formações de abscessos.
Como essas ocorrências estão presentes na história natural de várias afecções da região perianal, como saber se devemos pensar nas doenças inflamatórias intestinais?
Apresentações atípicas das doenças inflamatórias intestinais
A primeira coisa que deve acender o sinal de alerta do médico e paciente com relação às DII são aqueles sinais e sintomas que surgem de maneira incomum. Por exemplo:
Hemorroidas que incham de maneira extrema;
Mais de uma fístula anal simultânea ou com múltiplos trajetos;
Fístulas muito inflamadas ou com comunicações entre órgãos (vagina, escroto etc);
Abscessos perianais múltiplos ou que recorrem frequentemente;
Fissuras anais muito profundas, com inchaço exagerado ou em localização fora do eixo central do corpo.
Além disso, é importante ter em mente as doenças anais associadas a:
Não cicatrização, apesar de tratamento adequado;
Má evolução após serem submetidas à cirurgia;
Emagrecimento sem causa aparente;
Diarreia com sangue, catarro ou pus;
Distensão abdominal;
História familiar de DII.
Diagnóstico de doenças inflamatórias intestinais
Como podemos ver, às vezes, é difícil pensar em tudo isso. E, assim, muitos portadores de DII ficam anos até que consigam a correta identificação do problema. Mas o apoio de um médico cuidadoso e atento leva às ferramentas adequadas para caminhar na direção certa.
Para tanto, além do exame clínico adequado, existem exames complementares que auxiliam muito nessa situação, como os de sangue, fezes, radiológicos e endoscópicos.
Agora, é importante que o coloproctologista saiba que, na procura por algo que pode se mostrar como várias doenças, nada substitui um alto índice de suspeição.
Por que é importante saber se o paciente tem DC perianal?
Essa pergunta é fundamental, e a resposta é simples. Um paciente com Doença de Crohn perianal não vai evoluir de maneira usual quando submetido ao tratamento direcionado ao não portador de DII.
Em outras palavras, fissuras não vão cicatrizar, fístulas podem se tornar cada vez mais graves e hemorroidas operadas podem complicar. Por isso, quanto antes for feito o diagnóstico correto, mais adequado será a abordagem e, consequentemente, o resultado poderá ser melhor.
Quanto mais pessoas conhecerem as doenças inflamatórias intestinais, menor será o preconceito ou até o medo do desconhecido e maior será o benefício a todos.
Viva a inclusão e conscientização! Viva o Maio Roxo!
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