O jejum intermitente é uma modalidade de educação alimentar muito popular entre os brasileiros. Vários estudos mostraram que essa prática, associada à restrição calórica, pode ter efeitos benéficos a longo prazo para o organismo, além de promover a perda de peso.
O problema é que com a sua popularização, temos observado em nossa clínica que os pacientes estão seguindo cada vez mais recomendações dietéticas de conhecidos ou que foram obtidas na internet. Ou sejam, muitas pessoas não estão seguindo orientação nutricional adequada, o que pode ser danoso para a saúde deles.
Em que consiste o jejum intermitente?
O jejum intermitente se baseia no consumo de refeições apenas em uma janela de horas por dia; por exemplo, a pessoa se alimenta numa janela de apenas 8 horas por dia, fazendo jejum durante o restante do dia, ingerindo apenas água e chás que não contenham calorias.
Existem modalidades de jejum intermitente diferentes, com intervalos mais ou menos curtos. Mas, neste contexto, vamos considerar a janela de 8 horas. Nessas horas em que a pessoa pode ingerir alimentos, existem orientações estritas que devem ser seguidas, por exemplo:
Refeições pós-jejum devem ter alto valor nutricional
Consumo de alimentos reguladores (verduras, legumes, frutas e cereais)
Consumo de alimentos energéticos (carboidratos)
Consumo de alimentos construtores (proteínas)
Consumo de gorduras essenciais
Mas todo mundo pode fazer jejum intermitente?
Existe um fator importante sobre jejum intermitente publicado recentemente e que deve ser levado em conta: o tipo de alimentação que você irá ingerir pode aumentar o risco de alguns tipos de cânceres gastrointestinais.
Em um estudo publicado na revista Nature, pesquisadores identificaram que durante a realimentação, há uma proliferação importante de células-tronco no intestino. Por um lado, isso é benéfico, pois aumenta a capacidade regenerativa, visto que as células-tronco têm a capacidade de melhorar cicatrização. Por outro, fatores que induzem a formação de tumores também são produzidos e podem ter um efeito negativo dependendo do que a pessoa ingere.
Em outras palavras, quando há o retorno da alimentação após o jejum, alimentos com potencial carcinogênico devem ser evitados como:
Ultraprocessados
Alimentos e bebidas com alto teor em açúcar ou sal
Defumados
Além disso, indivíduos que tiveram câncer ou com histórico familiar de câncer devem evitar este tipo de modalidade nutricional.
Quais são outros riscos do jejum intermitente?
Outro estudo, publicado pela revista da Sociedade Americana de Coração (American Heart Association) em 2024, observou que aqueles que limitavam a alimentação a menos de 8 horas por dia (jejum intermitente) tinham um risco até 91% maior de morrer por doenças cardiovasculares, em comparação com quem se alimentava em intervalos regulares.
Isso é algo para se pensar, uma vez que a pesquisa incluiu mais de 20 mil pessoas. De toda forma, não podemos chegar a uma conclusão definitiva sobre o assunto com apenas um estudo, mas devemos analisar a longo prazo as consequências da adoção do jejum intermitente.
Conclusão
Com base em estudos e práticas, a curto prazo, o jejum intermitente apresenta benefícios visíveis como:
Perda de peso
Melhor controle da pressão e glicose
Mas devemos ficar de olho no horizonte e sempre buscar novas informações. Não podemos concluir que o jejum intermitente é maléfico, mas devemos atentar para esses fatos novos e entender que essa modalidade alimentar não é para todos.
Nossos leitores sabem que sempre tentamos mantê-los atualizados sobre o que há de novo na literatura científica, mas o conhecimento médico evoluiu muito rápido e, por isso, não existem verdades absolutas.
Continue se informando e não siga apenas uma fonte para concluir se algo faz bem ou mal. E, claro, não siga dietas da moda! Conte sempre com orientação especializada para o seu caso!
Tudo de bom, pessoal!
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