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Obstrução intestinal: por que isso pode acontecer anos após a cirurgia abdominal?

Nesta semana, fomos surpreendidos pela notícia de que a cantora Solange Almeida, ex-vocalista da banda Aviões do Forró, foi submetida a uma cirurgia de urgência para desobstrução intestinal. Ela se recupera bem e seguirá em repouso no hospital até a alta. Essa não foi a primeira operação da artista, que já havia sido submetida a cirurgia bariátrica (“redução do estômago”) em 2008, o que a fez perder mais de 50kg.


Isso levantou a pergunta: por que algumas pessoas que foram submetidas a cirurgias abdominais há anos apresentam depois quadros de obstrução intestinal que podem levar até a risco de morte?


Relembrando da estrutura abdominal 

O questionamento acima é muito válido e vai nos mostrar como o avanço da medicina tem propiciado uma melhora a longo prazo na vida das pessoas.


Antes, vamos lembrar como é nosso abdome por dentro?


Nosso órgãos abdominais estão contidos em uma cavidade mas, ao contrário do que muitos pensam, eles não ficam fixos. É importante que haja movimentação para permitir que a função de cada estrutura seja realizada com sucesso, principalmente o intestino.


Veja uma ilustração de como é o intestino no nosso organismo

Como é a obstrução intestinal

Para fins de entendimento, vamos imaginar uma lagarta. Se deixarmos seu corpo solto, ela realizará seus movimentos ondulatórios e sairá se deslocando. Todavia, se seguramos um ponto dela, por mais que ela continue a movimentar suas extremidades, ela se manterá estática.


A mesma coisa ocorre com o intestino. Se houver um ponto em sua trajetória que impede sua livre movimentação, a propulsão do bolo fecal é impedida, podendo se manifestar com a obstrução do fluxo, isto é, um quadro de obstrução intestinal.


E o pior é que, quanto mais resíduo fica acumulado, mais pressão vai se formando, podendo gerar torções (conhecida como “nó nas tripas”) e até perfuração.


O que causa a obstrução intestinal?

Todo traumatismo, irritação, infecção intra-abdominal ou procedimento cirúrgico irritam a cavidade onde se localizam os órgãos e, na tentativa de cicatrizar e reparar a agressão, nosso organismo cria aderências que podem fixar (colar) as estruturas entre si.


Em outras palavras, cirurgias, acidentes, agressões ou contaminações podem ser suficientes para induzir esse processo e, depois que a aderência está formada, não há regressão. É por isso que algumas vezes o paciente operado só apresenta quadros obstrutivos muito tempo depois.


Mas por que a obstrução acontece anos após a cirurgia?

Sabemos que não é muito fácil de entender… Alguns pacientes perguntam, “por que agora”? Bem, não há resposta definitiva para o porquê de, de repente, a obstrução acontecer, mas tem relação com:


  • Volume do bolo fecal

  • Problemas clínicos

  • Doenças adquiridas


Além disso, um pouco de azar das condições ideais para uma torção do intestino pode acontecer.


A boa notícia é que isso tem ocorrido de maneira cada vez menos frequentemente!


Cirurgias abdominais evoluíram 

Antigamente, a grande maioria das cirurgias era realizada por via aberta, ou seja, o cirurgião tinha que fazer uma grande incisão no abdome e operar com suas próprias mãos dentro da cavidade.


O toque dos órgãos e o contato direto com o instrumental cirúrgico grosseiro geravam um processo inflamatório muito intenso e a incidência de aderências era muito frequente. Às vezes, nos deparávamos com quadros tão graves de aderências que dávamos o nome de “abdome congelado”, ou seja, quando todos os órgãos pareciam grudados uns nos outros e o acesso cirúrgico era quase impossível.


Agora, com o advento da cirurgia minimamente invasiva, seja ela por via laparoscópica ou robótica, o trauma interno é cada vez menor e, assim, casos como o da cantora têm sido mais raros.


Conclusão 

É claro que nem toda cirurgia pode ser realizada por técnicas menos invasivas e, às vezes, temos que recorrer a grandes incisões como em casos de:


  • Tumores avançados

  • Urgências

  • Pacientes politraumatizados


Fica aqui nossa torcida para a pronta recuperação da Solange e esperamos ter trazido um pouco de luz ao tema da obstrução intestinal anos após cirurgia abdominal.

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