5 perguntas frequentes sobre fístula anal e sua cirurgia – parte 2
- drbrunoproctologista
- 16 de jul.
- 3 min de leitura
Para quem estava curioso, esta é a continuação do assunto da semana passada, as perguntas mais frequentes sobre fístula anal e questões relacionadas à cirurgia para tratar desse problema.
1. Cirurgia a laser para fístula é melhor que a convencional?
Toda nova técnica cirúrgica e com grande apelo, principalmente aquelas muito divulgadas nas mídias sociais – exemplo do laser –, pode dar a impressão de que têm resultado cirúrgico melhor do que há de convencional.
O laser definitivamente tem seu lugar no tratamento das fístulas, principalmente em pacientes que desejam ter uma recuperação rápida e menos dolorosa. Porém, os riscos e benefícios têm que ser apresentados para o paciente.
Benefícios e riscos da cirurgia a laser para fístula anal
Os prós da cirurgia a laser são:
Recuperação muito rápida
Pós-operatório menos doloroso
Procedimento rápido
Operação simples
Os contras da cirurgia a laser para fístula são:
Menor chance de sucesso que outras técnicas
Alto valor de investimento
Como podem ver, em termos de menor dor no pós-operatório da fístula anal, o laser é excelente, mas devemos saber a taxa de sucesso é um pouco menor que outras técnicas disponíveis.
2. Qual é a melhor operação de fístula?
Como mostramos acima, cada cirurgia tem suas vantagens e desvantagens, ou seja, se são utilizadas até hoje, é porque alguém as defende. Seja porque determinada técnica tem altas taxas de cicatrização, são tecnicamente mais simples ou porque a recuperação é mais rápida.
Então, cada opção vai ser mais indicada para um determinado caso, mas é importante salientar que os riscos sempre precisam ser considerados.
Risco comum da cirurgia de fístula anal
Vale lembrar que procedimentos cirúrgicos indicados, principalmente no caso de fístulas complexas, devem considerar a chance de incontinência fecal. O ânus tem uma função primordial para a qualidade de vida, e a perda de sua capacidade de controlar as evacuações pode gerar consequências eternas.
O movimento da literatura médica tem se direcionado para priorizar a mitigação de riscos de complicações, de consequências negativas e melhora dos resultados de cicatrização. Então, essas são consideradas as melhores práticas nos dias atuais.
3. Qual é a chance de ficar incontinente?
As cirurgias que envolvem a secção do músculo responsável pela capacidade da pessoa segurar as fezes estão associadas a risco aumentado de incontinência fecal, isso é fato. Alguns estudos colocam o risco em torno de até 70%.
Os casos que têm mais chance de sofrer com isso são:
Pacientes do sexo feminino
Fístulas profundas
Fístulas na parte anterior do ânus (próximas à entrada da vagina ou do escroto)

Os procedimentos que não cortam o músculo também apresentam algum risco, mas é bem menor e parecem estar envolvidos com a dificuldade da cirurgia e complexidade da doença.
4. A cicatriz da cirurgia de fístula é grande?
As técnicas cirúrgicas mais antigas envolviam cortes maiores e, consequentemente, maiores cicatrizes. Atualmente, com as técnicas minimamente invasivas, as incisões são do tamanho do orifício que drena pus na pele da nádega. Essas técnicas incluem:
Laser
LIFT
Retalhos
5. O que acontece se eu não tratar a fístula anal?
Quando não há dor, inflamação ou abscessos recorrentes, o risco de complicações da fístula anal é muito baixo. O problema maior costuma ser a secreção que sai pelo orifício de drenagem e suja a roupa íntima. Isso é desconfortável e gera incômodo e temor no paciente.
Existem casos raros de que uma fístula deu origem a um tumor maligno, mas isso não é frequente, ou seja, não deve ser considerado como definidor da tomada de decisão sobre um tratamento.
Fístulas anais impactam muitas vidas
Sabemos que falar de fístula anal afeta muita gente, e o sofrimento dessas pessoas não é pequeno. De toda forma, muitas vezes, temos que pedir para o paciente ser exatamente isso: paciente.
Podem ser necessárias várias abordagens e, além do mais, muitas vezes o diagnóstico de doença inflamatória intestinal deve ser revisitado. Em outras palavras, sabemos que são muitas questões envolvidas, não é mesmo?
Bom, certamente voltaremos a falar desses assuntos.
Boa semana, meus queridos!
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