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Cirurgia de hemorroida: o que é normal no pós-operatório

O dia a dia no consultório do coloproctologista envolve o tratamento clínico de doenças do intestino e do ânus. Muitos desses atendimentos são relacionados a queixas na região anal, como é o caso das hemorroidas.


A grande maioria desses pacientes receberá tratamento clínico, mas existe também um percentual significativo de indivíduos que vão precisar passar pela cirurgia de hemorroida.


Por isso, o objetivo deste texto é mostrar que existem diferentes abordagens cirúrgicas para hemorroidas. Então, para que você compreenda melhor, continue a leitura!


3 tipos de cirurgias de hemorroidas

A cirurgia de hemorroida envolve vários tipos de abordagem, e cada uma deles apresenta particularidades que podem confundir o paciente sobre o que é normal e o que não é.


Para fins didáticos, os procedimentos podem ser divididos pelo princípio, ou seja, pela técnica da cirurgia. Compreendendo a técnica, fica mais fácil entender a evolução do tratamento pós-cirúrgico.


Em linhas gerais, temos os seguintes procedimentos ambulatoriais:

  • Ligadura elástica da hemorroida;

  • Hemorroidopexias (fixação das hemorroidas) com ou sem desarterialização;

  • Hemorroidectomia (remoção das hemorroidas).

Para que você consiga entender melhor como funcionada cada procedimento e suas características, confira a explicação a seguir.


1. Ligadura elástica da hemorroida

A ligadura elástica da hemorroida é um ato realizado no consultório, em que o médico passa um aparelho pelo ânus para colocar, delicadamente, um elástico que “prende” a hemorroida dentro do canal anal.


Esse procedimento permite diminuir a mobilidade e o sangramento proveniente do traumatismo durante a evacuação. A técnica é praticamente indolor, visto que o local correto de posicionamento do elástico é em uma região do canal anal que não tem sensibilidade.


Pós-operatório da ligadura

Um sintoma comum, principalmente logo após a ligadura, é a sensação de “repuxo” interno ou vontade de evacuar, sem ter nada para sair. Tudo isso é normal. Para minimizar esse tipo de ocorrência, o coloproctologista poderá prescrever analgésicos ao paciente. Geralmente, após as primeiras seis horas, tudo passa e os dias seguintes serão de vida normal.

O tipo de cirurgia de hemorroida depende de cada caso
O tipo de cirurgia de hemorroida depende de cada caso

Eventualmente, alguns pacientes podem relatar dor mais persistente, mas não é uma complicação, necessariamente. Isso depende do tamanho da hemorroida e do local em que foi realizada a colocação do elástico.


Sangramento após tratamento de hemorroida

Em alguns casos, também pode acontecer um pequeno sangramento no primeiro dia da ligadura elástica, e entre o quinto e o décimo dia. O primeiro é causado pela pressão do estrangulamento da hemorroida, e o segundo devido à queda da hemorroida estrangulada. Se essa exteriorização de sangue parar rapidamente, não é preciso se preocupar. Mas, se persistir, o médico deve ser contatado, pois isso não é normal.


De toda forma, algumas complicações podem acontecer e estão associadas a qualquer cirurgia ou procedimento na região anal. Em geral, são sinais de ALERTA de que algo não vai bem:

  • Febre;

  • Sangramento persistente;

  • Inchaço na região externa do ânus;

  • Nádega endurecida e/ou dolorosa;

  • Incapacidade de evacuar.

Todas essas queixas não são consideradas normais e devem ser avaliadas pelo profissional que fez a ligadura.


2. Hemorroidopexias com ou sem desaterialização

Hemorroidopexias com ou sem desaterialização são os atos cirúrgicos em que não há remoção efetiva da hemorroida e, sim, a realização de pontos ou colocação de grampos na região delas e do excesso de mucosa. Além disso, é realizada a interrupção do fluxo sanguíneo arterial na região do mamilo hemorroidário.


Alguns exemplos desse tipo de cirurgia de hemorroida:

  • Desarterialização hemorroidária com Doppler (THD™, Minipex™);

  • Desarterialização hemorroidária com Doppler sem Doppler (Hemorpex™);

  • Ligaduras internas cirúrgicas;

  • Procedimento para prolapso hemorroidario (PPH™).

Para saber mais sobre esses métodos cirúrgicos, acesse aqui este conteúdo do blog.


As hemorroidopexias são cirurgias que envolvem retirada de pouca ou nenhuma parte da hemorroida e geralmente está associada a menos dor do que no procedimento clássico.


Pós-operatório da hemorroidopexia

A maioria dos pacientes relata dor, de fraca a média intensidade, e que é controlada com analgésicos simples ou anti-inflamatórios. Como a percepção de dor é individual, em alguns casos, dor de forte intensidade pode não ser sinal de complicações.

Em muitos casos, a dor após a cirurgia de hemorroida pode ser tratada com medicamentos
Em muitos casos, a dor após a cirurgia de hemorroida pode ser tratada com medicamentos

A presença de secreção saindo pelo ânus também pode ocorrer em um pós-operatório normal. Essa secreção pode ter características de sangue, catarro ou pus. Isso não quer dizer infecção – somente em casos com outros sintomas associados, como febre e hemorragia que não cessa ou dor intensa, deve-se pensar em má evolução do quadro.


Os sinais de complicações são os mesmos que os da ligadura elástica e envolvem:

  • Dor que não melhora;

  • Febre;

  • Endurecimento da nádega associado à dor;

  • Incapacidade de evacuar.

3. Hemorroidectomia clássica, aberta ou fechada

A hemorroidectomia clássica, aberta ou fechada é a cirurgia convencional para tratamento da doença hemorroidária. Ela pode ser realizada com várias técnicas, dependendo da preferência e da experiência do cirurgião.


De toda forma, elas consistem basicamente na extirpação (remoção) do coxim hemorroidário doente, com ou sem fechamento da pele sobre a ferida. Ou seja, a cirurgia aberta é aquela em que não há fechamento da ferida e esta irá cicatrizar-se com o tempo. Já na técnica fechada, haverá a sutura da pele sobre a ferida.


Pós-operatório da cirurgia de hemorroida

O pós-operatório desses tipos clássicos de cirurgia de hemorroida não se difere muito entre si, sendo que, em ambos, a dor pós-operatória pode ser de média a forte intensidade, além de poder ocorrer saída de secreção sanguinolenta, purulenta ou clara.


Em geral, a dor começa entre o segundo e o quarto dia de pós-operatório, atingindo seu ápice entre o quinto e o sétimo dia, mas começando a diminuir no décimo dia. É importante lembrar que a dor é uma medida subjetiva e que varia de pessoa para pessoa, isto é, cada um terá uma experiência diferente – e isso é normal.


A secreção também é constante no acompanhamento pós-procedimento, mas a consistência e composição é peculiar em cada caso, sendo às vezes mais sanguinolenta, e outras mais próxima do pus. Geralmente, a quantidade vai diminuir gradualmente até cessar, por volta de 20 a 45 dias após a cirurgia de hemorroida.


O que observar após a cirurgia de hemorroida

Você não precisa se preocupar se, ao olhar, perceber que a ferida está aberta, pois isso pode fazer parte da intenção do cirurgião. Além disso, a presença de pus na ferida não quer dizer infecção. Como já mencionado ao longo do texto, existem sinais de que algo não está indo bem.


Em outras palavras, observe atentamente se a dor aumenta a cada dia, se há mal estar intenso, febre, dor na nádega e incapacidade de evacuar. Esses são os sintomas que indicam que você deve procurar seu médico.


Acompanhamento médico é essencial

Esse texto teve como objetivo orientar sobre as características após a cirurgia de hemorroida, porém não é nossa intenção substituir o acompanhamento adequado dos pacientes – ou seja, na dúvida, você deve entrar em contato com o médico.


Essa relação próxima entre médico e paciente é fundamental. Às vezes, uma dúvida que parece boba, pode ser o sinal que faltava para identificar um problema sério. Pergunte sempre, sem medo!


Protejam-se e até semana que vem!

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