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Cirurgia robótica para câncer de reto: Estudo de 2025 mostra os benefícios

  • drbrunoproctologista
  • 3 de set.
  • 4 min de leitura

Os tumores malignos de intestino são algumas das neoplasias mais comuns em todo o mundo e representam a segunda principal causa de mortalidade relacionada ao câncer, de maneira geral. Dentro desse grupo, o câncer de reto apresenta desafios particulares.


Como o câncer de reto é localizado em uma região anatômica complexa e de difícil acesso cirúrgico, o tratamento requer precisão para garantir a retirada completa do tumor e, ao mesmo tempo, a preservação das funções urinárias, sexuais e evacuatórias. Esse equilíbrio entre radicalidade oncológica e qualidade de vida é o grande objetivo da cirurgia moderna, especialmente a cirurgia robótica.


Cirurgia robótica para câncer de reto

Nas últimas décadas, a laparoscopia revolucionou o tratamento do câncer colorretal ao reduzir o trauma cirúrgico e oferecer recuperação mais rápida. No entanto, principalmente no reto baixo e médio, as limitações técnicas da laparoscopia continuam sendo um obstáculo importante.


É nesse cenário que a cirurgia robótica ganha destaque, com promessas de:


  • Maior precisão

  • Melhor visão do campo operatório

  • Maior capacidade de preservar estruturas nobres


A pergunta que muitos especialistas se fazem é: será que a cirurgia robótica de câncer de reto oferece benefícios reais, que justifiquem seu alto custo? Um grande ensaio clínico chinês, publicado em 2025 no Journal of the American Medical Association (JAMA), trouxe evidências fortes para ajudar a responder essa questão.


Estudo sobre cirurgia robótica para câncer de reto

O estudo REAL – sigla em inglês para Robotic vs Laparoscopic Surgery for Middle and Low Rectal Cancer – foi um ensaio clínico randomizado (estudo de grande força científica), incluindo múltiplos hospitais e de grande porte. Características do estudo:


  • 1.240 pacientes com câncer de reto médio e baixo

  • 11 hospitais distribuídos por 8 províncias da China

  • Período entre 2016 e 2020


Os pacientes foram alocados de maneira aleatória para realizar cirurgia robótica ou laparoscópica, e todos foram acompanhados até o final de 2023. O tempo médio de acompanhamento foi de 43 meses (cerca de 3 anos e meio), o que permitiu analisar não apenas os resultados imediatos, mas também os desfechos oncológicos a médio prazo. 


O objetivo primário do estudo foi avaliar a taxa de retorno de doença local em 3 anos. Entre os desfechos secundários estavam a sobrevida livre de doença, a sobrevida global e os impactos funcionais sobre a vida dos pacientes.


Resultados do estudo REAL sobre cirurgia robótica

Os resultados do REAL Trial chamam a atenção pela consistência e relevância clínica. Entre os principais achados, destacam-se:


  • Recorrência local: observou menor chance de retorno de doença no grupo que passou pela cirurgia robótica – redução de mais da metade no risco de o câncer voltar na pelve.

    • 1,6% no grupo robótico

    • 4% no grupo laparoscópico

  • Sobrevida sem a doença em 3 anos

    • 87,2% no grupo robótico

    • 83,4% no laparoscópico

  • Funções urinária, sexual e evacuatória: pacientes submetidos à cirurgia robótica tiveram melhores resultados nessas funções nos primeiros meses de pós-operatório.


Esses achados reforçam o papel da cirurgia robótica no tratamento de câncer de reto não apenas como uma ferramenta mais confortável para o cirurgião, mas como um recurso capaz de trazer benefícios reais para os pacientes. 


Estudo mostra resultados promissores da cirurgia robótica para câncer de reto
Estudo mostra resultados promissores da cirurgia robótica para câncer de reto

A menor taxa de recorrência local sugere uma maior precisão na ressecção do tumor e no controle do tumor. Já a preservação das funções orgânicas do paciente é particularmente relevante, pois a cirurgia de reto compromete frequentemente a qualidade de vida dos pacientes, gerando disfunções que podem durar para sempre.


Limitações do estudo sobre tratamento de câncer colorretal

Apesar dos resultados animadores, o estudo sobre a cirurgia robótica para câncer de reto apresenta algumas limitações que merecem ser destacadas:


  • Único grupo estudado: Todos os pacientes eram chineses, geralmente mais magros do que o observado em populações ocidentais. Isso pode influenciar a aplicabilidade dos resultados em outros contextos.

  • Profissionais altamente capacitados: As cirurgias foram realizadas por profissionais altamente experientes e treinados. No dia a dia, a curva de aprendizado pode impactar os resultados.

  • Tempo de acompanhamento: Embora adequado, o período do estudo ainda é relativamente curto para avaliar diferenças em sobrevida global. Estudos com 8 a 10 anos de seguimento poderão esclarecer melhor esse aspecto.

  • Pacientes em tratamento: O estudo não incluiu pacientes tratados com imunoterapia, recurso que vem sendo cada vez mais utilizado no cenário do câncer de reto.


Resultados reforçam robótica como opção para câncer de reto

O estudo REAL trouxe uma das evidências mais fortes até hoje a favor da cirurgia robótica no tratamento do câncer de reto médio e baixo. Os dados demonstram menor taxa de recidiva local, maior sobrevida livre de doença e preservação funcional superior em comparação à laparoscopia.


Embora os custos ainda sejam altos e o acesso limitado, essa tecnologia deixa de ser apenas uma promessa e se firma como uma realidade com impacto direto na vida dos pacientes.


Para a comunidade médica, o desafio agora é ampliar o acesso, investir em treinamento de cirurgiões e, sobretudo, continuar acompanhando os pacientes a longo prazo para consolidar os ganhos observados.


Para os pacientes, a mensagem é de esperança: a cirurgia robótica representa um avanço real, capaz de oferecer não apenas mais chances de cura, mas também melhor qualidade de vida após o tratamento.

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