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Endometriose: como tratar a dor pélvica

Março é considerado o Mês Mundial de Conscientização sobre a Endometriose, e esta semana é especialmente importante por incluir o Dia Internacional da Mulher. Quando falamos de endometriose, a dor pélvica talvez seja o sintoma mais incapacitante relacionado à doença.


Esse desconforto é o que costuma nos orientar com relação aos rumos do tratamento. Apesar de a infertilidade e as alterações do ciclo menstrual serem aspectos significativos da endometriose, a dor e o seu controle são talvez os maiores desafios no cuidado com as pacientes.


Por que a endometriose gera dor pélvica?


A dor pélvica da endometriose tem relação com o ciclo hormonal da mulher e à fibrose relacionada à inflamação – mas o desconforto não está restrito a esses fatores. Em outras palavras, o tecido do endométrio, parede uterina, deveria estar na cavidade do útero.


Mas, quando ele se desloca e adere às estruturas intra-abdominais, ele permanece ativo e reage às variações hormonais do ciclo menstrual.


Essa variação gera inflamação que irrita o peritônio, uma membrana da pélvis, causando dor. Além disso, a cicatrização gera fibrose, que causa aderências e retrações, com deformidades dolorosas no interior do abdome. É por isso que a dor das mulheres com endometriose tende a se intensificar na época menstrual, apesar de não ficar restrita a ela, necessariamente.


Como tratar a dor pélvica da endometriose


Não existe uma única forma de tratamento da dor pélvica da endometriose, e é indispensável a participação da paciente nas decisões sobre o seu caso.


Algumas perguntas são fundamentais para tal abordagem são:

  • Você deseja engravidar? Se sim, quando?

  • A dor tem qual frequência e intensidade?

  • Você apresenta alterações no ciclo menstrual?

  • Há dor durante o ato sexual?

  • Há alterações do habito intestinal quando vai menstruar? E fora dessa época?

O tratamento para a dor, levando em conta os sintomas, pode ser passado à mulher mesmo sem o diagnóstico. Porém, quanto mais precisa for a avaliação diagnóstica da paciente, mais adequada será a abordagem.


Além de tudo, quanto mais se sabe sobre a paciente, seus hábitos de vida e seus desejos, inclusive de engravidar, maior será a chance de sucesso e satisfação.


Tratamentos para endometriose


O tratamento hormonal pode ser interessante para o controle dos sintomas de dor pélvica, entre outros. Entretanto, quando a suspeita de endometriose ainda não foi confirmada pelos exames ou cirurgia, isso pode contribuir para o atraso no diagnóstico.

Dor pélvica é um dos principais sintomas da endometriose
Dor pélvica é um dos principais sintomas da endometriose

Como a doença é predominantemente dependente do hormônio estrógeno, a supressão hormonal por meio de anticoncepcionais progestagênicos tem bons resultados. Apesar de conter estrogênio, os anticoncepcionais com combinação de hormônios de baixas dosagens podem ser utilizados em alguns casos e não parecem piorar o curso do problema.


O tratamento hormonal não se resume aos contraceptivos orais. Existem também opções como a colocação de Dispositivos Intra-Uterinos (DIU) de progesterona, bem como versões injetáveis que são agonistas do GnRH e inibidores de aromatase – termos técnicos, mas que representam substâncias específicas relacionadas ao ciclo menstrual.


Essas opções têm seu uso aprovado, mas como são muito específicos, somente o médico especialista tem condições de analisar e definir quais pacientes são candidatas para esses tratamentos.


Hormônios e endometriose


Nem toda paciente irá responder ao tratamento medicamentoso. Além disso, mulheres com interesse em engravidar não são candidatas a essas opções.


Mas a maior vantagem dos hormônios será para aquelas que, além da dor pélvica, apresentam alteração no ciclo menstrual e incômodo durante a relação sexual. Os medicamentos podem melhorar esses sintomas também.


De toda forma, a avaliação individualizada é essencial. Após avaliar de maneira completa o caso de cada paciente, o médico poderá chegar à conclusão de que a cirurgia é a melhor opção no tratamento da dor pélvica.


Cirurgia para casos de dor pélvica


Orientações da Sociedade Européia de Reprodução Humana e Embriologia (ESHRE) aceitam o tratamento cirúrgico da endometriose para a melhora da dor. Mas é importante lembrar que a equipe deve ter experiência nesse tipo de procedimento e, sempre que possível, realizá-lo de maneira minimamente invasiva e com profissionais de múltiplas especialidades.


A equipe que trata a endometriose deve estar preparada para abordar lesões que afetam os aparelhos:

Isso é necessário pois nem todas as lesões são identificadas durante os exames de avaliação e muitas vezes as decisões de tratamento devem ser tomadas durante a cirurgia.


Tratamento da paciente deve ser completo


Como já discutido em outros posts sobre endometriose aqui no blog, a cirurgia pode ajudar muito a resgatar a qualidade de vida das mulheres, mas o tratamento deve ser feito de maneira completa. Isto é, muitas vezes, ele inclui mais de uma abordagem, em conjunto ou em sequência.


É importante ter em mente que, apesar de não ser maligna como o câncer, a endometriose – e a consequente dor pélvica – muitas vezes se comporta de maneira agressiva. Por isso, médicos devem transmitir a orientação adequada à paciente sobre as consequências e os riscos do uso de medicações e dos procedimentos.


O que deve ficar como mensagem é que tratamentos bem indicados têm mais chances de sucesso.

Feliz semana especial das mulheres! Vocês são a nossa inspiração!

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