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Transplante fecal: o que é e para o que serve?

Transplante fecal é a forma como ficou conhecido o transplante de microbiota fecal. Parece assunto novo, mas não é.


Há relatos de discussões sobre o transplante de microbiota fecal desde o quarto século e, principalmente a partir de 2013, é o método aprovado pelo FDA (a agência de vigilância sanitária dos Estados Unidos) no tratamento da infecção pelo Clostridium difficile.


Para saber mais sobre esta doença, leia nosso post sobre infecção intestinal relacionada ao uso de antibióticos.


O que é o transplante fecal?

Transplante fecal, ou melhor, o transplante de microbiota fecal é um processo que consiste na aplicação de uma pequena quantidade de fezes de um doador sadio, preparadas de maneira específica, no trato gastrointestinal de uma pessoa doente.


Esse processo pode ser feito de diversas maneiras, por colonoscopia, por enema de retenção e até por via endoscópica alta.


Para que serve o transplante fecal?

O conceito é relativamente simples, mas a pergunta mais feita é: o transplante de microbiota fecal ajudaria em quê?


Bem, sabemos que várias doenças intestinais ou são causadas, ou têm sua evolução relacionada ao microbioma intestinal. O desequilíbrio dos microrganismos e outros de seus componentes é chamado de disbiose, e o transplante da microbiota fecal se baseia nisso, ou seja, no restabelecimento da saúde deste ambiente dentro do cólon.


Quais são as indicações desse transplante?

Muito ainda é tema de especulação e estudos científicos, mas as indicações mais bem estabelecidas são as seguintes:

  • Doença inflamatória intestinal de difícil controle, principalmente a Doença de Crohn e alguns casos de Retocolite ulcerativa;

  • Infecção intestinal pelo Clostridium difficile refratárias ao uso de antibióticos;

  • Síndrome do intestino irritável – foi demonstrado por vários estudos que o movimento intestinal pode melhorar nestes pacientes;

  • Doenças extra-intestinais.

Nesse último ponto, existem doenças fora do sistema digestivo que estão sendo alvo de estudos sobre o transplante de microbiota intestinal, sendo as principais:

  • Síndrome metabólica relacionada ao diabetes

  • Esclerose múltipla grave

  • Autismo

  • Infecções multi-resistentes

  • Disfunções de órgãos em pacientes críticos

É difícil fazer transplante de microbiota fecal?

Não é um processo muito complicado… Na verdade, é até simples. O mais difícil é romper barreiras do tabu e preparar bem o doador e o receptor.


Entender e aceitar que será depositada uma quantidade de fezes dentro do intestino de outra pessoa pode gerar estranheza e até repulsa para algumas pessoas. Por isso, ultrapassar esse primeiro passo é fundamental para que ocorra a implementação de protocolos de transplante e serviços hospitalares.


É essencial estudar e preparar bem o doador

Para a doação de fezes, devem ser selecionadas pessoas entre 18 e 65 anos, sem sintomas intestinais, sem problemas de saúde e principalmente que não fazem uso de medicações ou probióticos que possam interferir na qualidade do microbioma.

Para o transplante de microbiota fecal, o doador precisa fazer um período de restrição de probióticos
Para o transplante de microbiota fecal, o doador precisa fazer um período de restrição de probióticos

A pessoa deve ser submetida a exames de saúde como exames de infecções, funções vitais, exames de fezes, no máximo quatro semanas antes da coleta fecal para armazenamento.


Cuidados direcionados ao receptor

A pessoa que irá receber o transplante de microbiota fecal não pode tomar antibióticos por até 48 horas antes do procedimento. É necessário fazer um preparo de intestino nos casos em que o material for aplicado por via da colonoscopia ou enema.


Outro artifício que pode ser indicado é o uso de medicações para a pessoa reter o material por mais de quatro horas sem evacuar, como o caso da Loperamida (Imosec®).


Quais os riscos do transplante de microbiota fecal?

São raras as complicações do transplante de microbiota fecal e, quando ocorrem, estão mais relacionadas ao método de aplicação, como a colonoscopia, endoscopia ou enema.


Como conclusão, é importante que entendam que esse processo é bem indicado para poucos caso e ainda é assunto de discussão científica em muitos outros. Então, achar que pode resolver qualquer problema não é a realidade.


Em outras palavras, tomem cuidado com promessas milagrosas, mas, quando há boa indicação, o transplante de microbiota fecal pode ser um grande aliado no tratamento de doenças intestinais ou outras.


Tema sugerido por pacientes

Esse texto foi sugerido por duas pacientes muito queridas e dedico a elas estas palavras: procurar conhecer mais sobre os problemas que os afligem é sempre a melhor maneira de chegar ao sucesso de um tratamento.


Até semana que vem, pessoal.

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