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Tratamento com células-tronco para fístulas complexas: já é uma realidade?

  • Dr. Bruno Giusti Werneck
  • 18 de jan. de 2023
  • 3 min de leitura

O assunto da semana é sobre uma nova abordagem terapêutica: o tratamento com células-tronco para fístulas complexas.


Mas, antes… Seja bem-vindo, 2023! Espero que todos tenham tido um excelente final de ano. Passamos de 300 mil leitores em nosso blog, o que é fantástico, e eu agradeço a todos vocês que sempre apoiaram a ideia de conhecimento científico acessível e de qualidade! Muito obrigado!


Voltando, ao tema… Fístulas perianais são assunto recorrente em nossos posts, uma vez que é um tema em que me dedico muito e também porque, na ausência de uma única técnica que resolva todos os casos, temos várias opções e nenhuma delas é perfeita.


O que são fístulas perianais?

Para relembrar, as fístulas perianais são comunicações anômalas que se formam entre a pele próxima do ânus até dentro do canal anal onde passam as fezes. Elas são geralmente originadas de infecções que evoluem para abscessos perianais e que são drenados espontânea ou cirurgicamente.


Alguns casos de fístulas são também associadas às doenças inflamatórias como a Doença de Crohn.


O que são as células-tronco?

Células-tronco são, basicamente, células do nosso organismo com capacidade de se transformar e multiplicar para reparar defeitos presentes em estruturas e órgãos diferentes daqueles de onde vieram.


Para facilitar o entendimento, um local comum de conseguir esse tipo de células são nos locais de acúmulo de gordura do nosso corpo. Assim, uma amostra é removida da região da parede abdominal (onde o acúmulo de células de gordura é maior) e purificada.


Posteriormente, coloca-se esse conteúdo em uma seringa que é utilizada para aplicar essas células, que possuem grande capacidade de adaptação, para a região próxima ao trajeto da fístula.

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A ideia é que haja uma transformação das células-tronco a fim auxiliar na cicatrização do trajeto doente, sem que haja necessidade de intervenções cirúrgicas diretamente sobre ele.


Por que o tratamento com células-tronco importa?

Antes de tudo, o mais importante é ressaltar que as fístulas se localizam muito próximas aos esfíncteres anais e que, antigamente, as operações lesavam esses complexos musculares, dando origem a taxas significativas de incontinência fecal.


Por outro lado, hoje em dia, quanto menos agressiva for a intervenção no trajeto da fístula e em sua vizinhança, mais poderemos preservar a função do canal anal.


A utilização das células-tronco é uma das abordagens com menor necessidade de uso de materiais cirúrgicos agressivos com afastadores, pinças e tesouras.


Como é o resultado do tratamento com células-tronco?

Bem, ainda é tudo muito novo, e o número de publicações sobre o assunto vem aumentando exponencialmente nos últimos cinco anos, nem sempre com resultados excelentes. Mas em uma coisa todos concordam: o tratamento é seguro, com baixíssimo risco de complicações.


De acordo com estudo publicado na Espanha em 2020 e que seguiu pacientes por um período de um ano, a taxa de cicatrização completa foi de 50%. Olhando superficialmente, parece pouco, mas considerando que as técnicas com melhores resultados obtêm sucesso em torno de 80% dos casos e pelo baixo risco da operação, ela deve ser considerada em casos selecionados.


Pacientes com Crohn podem se beneficiar?

Sim, recentes estudos se mostraram favoráveis à abordagem com células-tronco desses pacientes, ressaltando que as fístulas associadas a doenças inflamatórias intestinais têm que ser abordadas por múltiplas linhas de tratamento e com equipes especializadas.


Existem “poréns” do tratamento com células-tronco?

Infelizmente, sim, por exemplo: o preço. Até o momento, esse procedimento não é coberto pelos planos de saúde e, muitas vezes, o equipamento a ser adquirido não é barato.


Outro ponto a ser ressaltado são as recorrências. Como falamos, por ter uma taxa de cicatrização a longo prazo de metade dos pacientes até o momento, o paciente tem que ser bem orientado sobre a necessidade de mais de uma cirurgia.


Conclusão: há muito espaço para melhorar…

Com certeza, a padronização e descoberta de melhores práticas geralmente aumentam a eficácia de uma técnica que já começou na direção certa. Há baixos riscos no tratamento de um problema de difícil abordagem, o aperfeiçoamento com certeza ajudará.


Para ser um cirurgião completo, temos que estar a par de todas as técnicas para que possamos usufruir do benefício de cada uma delas.

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