Muitos pacientes perguntam: é possível prevenir câncer de intestino com algum exame de sangue? Até pouco tempo atrás, a resposta para essa pergunta seria um sonoro “não”, mas as coisas estão começando a mudar.
Nesta última semana do Março Azul, mês voltado para conscientização sobre o câncer de intestino, gostaria de refletir com vocês sobre uma nova modalidade de detecção do câncer: a biópsia líquida e as novas possibilidades que ela representa.
Exames para prevenção do câncer
Atualmente, as três principais opções de prevenção do câncer de intestino são:
Cada um desses exames tem muita importância na prevenção dos tumores de intestino, mas eles também são cercados de tabus e preconcepções que afastam algumas pessoas.
Medo, vergonha ou desconforto nos exames?
Vamos entender abaixo quais são essas questões acerca dos exames de prevenção do câncer de intestino.
Medo
O fato de a colonoscopia convencional envolver a passagem de um aparelho por toda a extensão do intestino grosso e necessitar de sedação, leva muita gente a pensar duas vezes antes de querer ser submetido a ele.
O maior problema é que muitas das preocupações acerca dos riscos desse exame são infundadas e baseadas em boatos. A verdade é que a colonoscopia, com intuito de prevenção, é um exame muito seguro e que, se realizado em local apropriado, com equipe adequada e material de boa qualidade, seus benefícios são enormes para a prevenção.
Vergonha
Conversar sobre as doenças do intestino e anus não é fácil para a maioria das pessoas, e o constrangimento leva muita gente a fugir do coloproctologista.
Os exames relacionados à prevenção mexem muito com áreas de grande sensibilidade, além de colher fezes para o exame de pesquisa de sangue oculto nas fezes não ser tarefa fácil. Outra questão é o paciente ter que ser submetido a preparo de intestino para os dois tipos de colonoscopia, e saber que vai se expor a estranhos em uma clínica também não ajuda a querer realizar o exame.
Desconforto
Ambos os tipos de colonoscopia envolvem a aplicação de algum tipo de gás ou líquido para distender o intestino e permitir a visualização de tumores e isto pode ser bastante desconfortável.
Ainda bem que pelo menos na colonoscopia convencional temos o auxílio de um anestesiologista para tornar o exame confortável e mais seguro.
E biópsia líquida ajuda a prevenir o câncer?
Recentemente, a mídia divulgou o avanço de um exame de sangue que poderia auxiliar na detecção de câncer. A notícia causou alvoroço nos pacientes que procuravam nossa clínica, então é importante que alguns pontos sejam levantados sobre o assunto.
O que é a biópsia líquida?
Quando a pessoa tem um tumor maligno, à medida que a lesão vai avançando, vai invadindo os vasos sanguíneos e células tumorais, ou partes delas começam a circular nos fluidos corporais.
Assim, a biópsia líquida é a coleta de sangue, saliva, urina e outros líquidos e dosar a presença de biomarcadores encontrados em tumores malignos.
Para que serve a biópsia líquida?
Essa tecnologia é utilizada para ajudar a diagnosticar e avaliar como os pacientes vão evoluir ou responder às medicações de quimioterapia. A grande vantagem é ser minimamente invasiva, sem necessidade de realizar exames invasivos ou constrangedores, além de poder ser repetida durante o tratamento do paciente.
Uma das grandes aplicações da biópsia líquida é quando um indivíduo é diagnosticado com uma metástase de um tumor e seu local de origem é desconhecido. A dosagem dos biomarcadores pode indicar de onde veio a lesão e direcionar o tratamento.
Existem limitações para essa biópsia?
Tecnicamente, é necessário que haja um tumor maligno para que seja possível a realização da biópsia líquida, o que não ajuda a identificar quais pessoas vão desenvolver câncer antes de adoecer.
Em outras palavras, a biópsia líquida é uma ferramenta limitada na prevenção efetiva, atuando mais na detecção de tumores. Além disso, tumores muito iniciais podem não ter ainda seus subprodutos circulantes no sangue e outros líquidos do organismo.
Conclusão
Apesar de não ser aplicável ainda na prevenção efetiva do câncer de intestino, tanto na Europa quanto nos Estados Unidos, a biópsia líquida já foi aprovada para uso em testes para determinação da escolha de medicamentos para alguns tipos de câncer.
Realmente, o futuro ainda vai determinar todo o potencial dessa ferramenta, mas com certeza a facilidade de obtenção de amostras – que possibilita a repetição do exame com muito menos agressividade que uma biópsia convencional e a sua utilização no diagnóstico e prognóstico dos pacientes – nos estimula a ficar atento na evolução da biópsia líquida.
Esperamos que os temas abordados neste mês – endometriose e câncer de intestino – tenham ajudado a aumentar o conhecimento e estimulado a prevenção e tratamento destas duas doenças tão importantes.
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