Na semana passada, começamos uma série de três textos sobre flatulência, meteorismo e distensão abdominal. Agora, na segunda parte, vamos abordar o diagnóstico e o tratamento desse problema comum, mas que pode ser de difícil solução.
Então, continuando a falar de distensão abdominal gasosa, chegou o momento de saber o quê fazer. Esse texto tem objetivo de orientar os leigos, ou seja, não cabe aqui ficar discursando sobre as minúcias e tecnicalidades de exames, diagnósticos e medicações.
Vamos fazer um apanhado geral sobre as principais linhas de raciocínio. Acompanhe!
Flatulência é sintoma de alguma doença?
Sempre em medicina temos que pensar se, além dos sintomas, há algum problema orgânico que deve ser abordado. Isto é, procurar por sinais de alerta é fundamental e, se algum dos sinais abaixo estiver presente, fique atento.
Em outras palavras, PROCURE UM MÉDICO se a flatulência se associar a:
Anemia
Diarreia que não melhora
Distensão abdominal detectável e progressiva
Sangramento intestinal
Perda de peso sem motivo
Refluxo gástrico
História familiar de câncer e doença inflamatória intestinal
Possíveis doenças associadas a flatulências
Depois que avaliamos e excluímos as causas orgânicas, é o momento de ver se outras síndromes com sintomas semelhantes podem estar associadas. Esse é o caso de:
Dispepsia funcional
Esses problemas geralmente apresentam modificações do hábito evacuatório (diarreia ou prisão de ventre). Em caso de diagnóstico conclusivo, o tratamento específico desses problemas deve ser empregado.
Viu como é trabalhoso a determinação de uma conduta específica? Cada aspecto do meteorismo (acúmulo de gases) tem que ser abordado. E, muitas vezes, isso é impossível apenas em uma consulta.
Sempre tentamos orientar os pacientes sobre a importância do acompanhamento ao longo do tempo, valorizando o conhecimento adquirido com o resultado das abordagens instituídas.
Alimentação pode fazer toda a diferença
Uma estratégia bastante eficaz é orientar aqueles indivíduos que relacionam seus sintomas de flatulências com alimentação. Nesse caso, é importante considerar:
Fazer um diário alimentar e os sintomas apresentados
Realizar a pesquisa de intolerâncias
Buscar orientações sobre os alimentos ricos em derivados vegetais fermentáveis (FODMAPS – para saber mais sobre estes alimentos e outras orientações, clique aqui).
Em seguida, é importante avaliar as desordens anatômicas como dissinergias abdominais e desordens do assoalho pélvico.
Mas como tratar as flatulências?
Pessoal, como viram, não tem receita de bolo, cada caso é um caso. De toda forma, vamos colocar os princípios básicos do tratamento medicamentoso e, no próximo post, falaremos da abordagem dietética e comportamental.
Antibióticos
Os antibióticos podem ser indicados pelo médico para promover a modificação do microbioma intestinal e modificar a produção de gases por fermentação. A Rifaximina, um antibiótico que age na superfície do cólon, apresentou bons resultados quando havia associação de sintomas de síndrome do intestino irritável.
Antiespasmódicos
Os antiespasmódicos são medicações que relaxam a parede do intestino ajudam o paciente a se sentir melhor, principalmente quando há crises prolongadas de distensão. Outras drogas utilizadas no tratamento da síndrome do intestino irritável podem ajudar muito também.
Agentes procinéticos e secretagogos
Os agentes procinéticos e secretagogos são utilizados com o intuito de melhorar a propulsão do bolo fecal em nosso trato gastrointestinal, com melhora dos sintomas de distensão e até a constipação e empachamento relacionados.
Neuromoduladores
Já os neuromoduladores são medicações utilizadas para tratar a depressão, mas podem ajudar a controlar o meteorismo e o desconforto relacionados a ele. Há muito preconceito relacionado a essas drogas, mas são aliados importantes no tratamento de crises mais intensas.
Biofeedback
O uso da técnica chamada biofeedback pode ser interessante. Principalmente nos pacientes com dissinergia da musculatura abdominal e problemas do assoalho pélvico, a fisioterapia especializada nessa área ajuda muito na melhora da coordenação motora e força muscular local, facilitando a expulsão de gases.
Conclusão: nem tudo é remédio
No próximo texto, vamos tentar elucidar um pouco sobre o autoconhecimento e como a alimentação pode ajudar no controle da flatulência. Até lá!
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