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Trombose hemorroidária: será que é preciso operar?

A trombose hemorroidária já foi tema em nosso blog e não sai dos assuntos em nossos consultórios. Pelo menos um paciente por dia vai nos procurar com queixa de nodulação anal, de aparecimento súbito e na maioria das vezes dolorosa.


Pois fiquem tranquilos: NÃO é um câncer. Mas isso não diminui a necessidade de procurar um especialista e confirmar o diagnóstico correto, mesmo porque já reforçamos várias vezes aqui no blog que nem tudo que aparece no ânus é hemorroida.


O que é a trombose hemorroidária

A mensagem tranquilizadora do primeiro parágrafo se deve ao fato de que as características de aparecimento abrupto e doloroso da trombose hemorroidária diferem muito das lesões tumorais. Mas nunca é tempo de baixar a guarda.


As veias inferiores dos coxins hemorroidários se apresentam na parte mais externa do ânus e, em caso de trauma, irritação ou alterações do fluxo sanguíneo, ocorre o início da cascata de coagulação.


Assim, forma-se um nódulo, composto por um coágulo de sangue, dentro dos vasos locais, que distende e descola a pele local.


Por que a trombose hemorroidária surge?

Os fatores mais comumente relacionados ao seu aparecimento são:

  • Esforço ao evacuar;

  • Fezes duras e ressecadas;

  • Fezes muito ácidas por diarreia;

  • Trauma por uso de papel higiênico;

  • Depilação;

  • Relação sexual.

Todo mundo vai apresentar isso um dia, pois é um processo extremamente comum. Todavia, como a maioria não causa sintomas, o próprio organismo dá conta de absorver o sangue e a pessoa nem nota.

Esforço para evacuar pode levar à trombose hemorroidária
Esforço para evacuar pode levar à trombose hemorroidária

Geralmente, a trombose hemorroidária é mais comum nos jovens, em homens e muitas vezes relacionados a eventos de prisão de ventre episódica ou esforço excessivo para levantar objetos pesados.


É preciso operar de trombose hemorroidária?

Na maioria das vezes não é preciso operar de trombose hemorroidária, pois o nosso organismo tem fatores próprios para desfazer o coágulo e permitir que os produtos dessa degradação sejam metabolizados, reutilizados ou excretados.


Muitos cirurgiões até associam a cirurgia para a trombose hemorroidária com a expressão “enxugar gelo”. Como o procedimento cirúrgico relacionado à trombose é apenas fazer uma incisão da pele para remover o coágulo que ali se formou, os vasos sanguíneos continuam lá e outros eventos semelhantes podem acontecer no mesmo lugar.


Quando é preciso operar essa trombose?

A operação de trombose hemorroidária se chama trombectomia e ela deve ser feita quando a qualidade de vida do paciente está muito impactada por:

  • Dor;

  • Dificuldade de evacuação;

  • Infecção e/ou sangramento que não respondem ao tratamento clínico.

Como o procedimento é simples, se as condições permitirem, ele pode ser realizado em regime ambulatorial, com anestesia local.


Entretanto, alguns pacientes, orientados por seus médicos, vão preferir ser internados e serem direcionados ao bloco cirúrgico para maior conforto. A alta geralmente se dará minutos ou poucas horas depois.


Agora, paciência e tratamento clínico ajudam bem.


Sintomas da trombose hemorroidária

O principal sintoma é a dor, que pode ser muito bem controlada com analgésicos e medicações anti-inflamatórias.


Além disso, o paciente pode ser orientado a fazer aplicação de pomadas anestésicas locais e uso de medicações chamadas flebotônicas, que também aliviam muito os sintomas. Esses medicamentos têm uma função interessante de diminuir o inchaço local e melhorar a circulação do sangue, minimizando o desconforto.


Gelo contra a trombose hemorroidária

Outro artifício muito utilizado é o gelo (que diminui o edema e anestesia) e os banhos de água morna para a dor.


Em casos em que o desconforto parece estar relacionado a um espasmo dos músculos anais em reflexo a dor, o uso de formulações contendo nifedipina – medicação que pode ser manipulada em forma de creme – se mostrou eficaz no relaxamento muscular e na diminuição da dor local.


Duração dos sintomas

A grande maioria desses processos começa a regredir entre 3 e 7 dias, mas o nódulo pode persistir por até 6 semanas. Se o paciente não houver sinais de piora clínica, é importante ter serenidade – seu organismo vai dar conta disso!


Em casos em que a pele rompe, haverá a expulsão espontânea do coágulo e melhora rápida do processo, após um pequeno sangramento.


Aos ávidos por procurar um cirurgião para resolver o problema mais rápido, com uma cirurgia, cuidado! A cirurgia pode apresentar complicações como formação de fístulas (2,1%), sangramento (0,3%) e recorrências (6,5%).


Fique esperto e faça a coisa certa! Procure um coloproctologista para ter orientação adequada!

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